Título: Lula: sem CPMF, quem perde é o povo
Autor: Oliveira, Germano
Fonte: O Globo, 27/10/2007, O País, p. 14

Área econômica faz as contas para apresentar uma proposta ao PSDB.

RIO e BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, durante visita ao Cenpes, centro de pesquisa da Petrobras, que "todo e qualquer brasileiro ou brasileira de consenso sabe perfeitamente bem que não há país no mundo, não há empresa no mundo que possa prescindir de um imposto que lhe garante R$40 bilhões no Orçamento sem criar um outro imposto". Lula, que se referia à CPMF, afirmou que vai compensar a possível aprovação da contribuição com um projeto de reforma tributária, no qual o Congresso poderá fazer os ajustes que achar necessários.

- Não acredito piamente que algum senador pense em votar contra a CPMF para prejudicar o governo, por não gostar do governo, do partido do governo ou porque tenha pretensões para as eleições de 2010. Não será o governo prejudicado, será o país - disse Lula. - Boa parte dessa verba vai para educação. Mas vamos continuar de forma tranqüila, sabendo que o Senado vai repetir o que a Câmara já fez, que é aprovar a contribuição. Até porque eles sabem que quem vai perder (se não houver prorrogação), na verdade, é o povo brasileiro, e que o povo irá se beneficiar das políticas públicas que estão previstas.

Um dia depois do início das negociações com a cúpula do PSDB para garantir apoios tucanos na votação da prorrogação da CPMF, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a equipe econômica ficaram ontem reunidos para as "contas de chegada". Estudam as alternativas para atender às reivindicações da oposição e apresentar uma proposta concreta na próxima semana.

Aécio: governo tem que se comprometer a reduzir gastos

É preciso, segundo fontes do governo, compatibilizar o valor adicional da CPMF a ser dado para a saúde com o percentual de investimentos no setor a ser previsto na regulamentação da Emenda 29, que fixa os percentuais de investimentos de União, estados e municípios no setor.

O governador de Minas, Aécio Neves, comemorou a tentativa de acordo do governo com seu partido, mas cobrou a redução dos gastos públicos:

- Queremos, sobretudo, que o governo assuma compromissos claros de reduzir gastos correntes. Negociação política às claras. Quero reconhecer que o governo age corretamente ao se dispor a se sentar à mesa e construir parcerias com a oposição que beneficiam a sociedade.

O governo já decidiu que vai aumentar os recursos para a saúde em 2008, mas haverá uma contrapartida. Isso porque o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que o PAC da Saúde terá R$36 bilhões, que seriam gastos em quatro anos. O governo acha elevado o valor, e quer estender o prazo de aplicação dos recursos para cinco ou seis anos.