Título: PF e CGU vão investigar Zeca do PT
Autor: Brígido, Carolina; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/11/2007, O País, p. 8

Promotoria suspeita de desvio de verba federal durante governo dele em MS.

CAMPO GRANDE. A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) vão investigar se houve desvio de dinheiro público federal destinado ao governo de Mato Grosso do Sul, através do esquema fraudulento montado na Secretaria de Governo na administração de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. Os promotores que investigam denúncia de peculato e improbidade na administração petista encaminharam a esses órgãos documentos indicando que verbas da campanha de combate à dengue e do Festival de Inverno de Bonito podem ter sido usadas para o pagamento de mensalão a políticos, servidores públicos, artistas, jornalistas, dirigentes de partidos e donos de jornais.

De acordo com o Ministério Público Estadual, um dos casos onde há evidências de irregularidades é o Festival de Inverno, patrocinado pelo Banco do Brasil. Ofícios encaminhados pela Fundação de Turismo do Estado ao MP informam que nos arquivos da entidade não há comprovantes de solicitação do serviço e nem do recebimento de material, como folhetos com a programação e 16.500 postais.

Outro convênio sob suspeita trata de recursos do Ministério da Saúde para campanhas de combate à dengue. Respondendo a um pedido de informação do MP, a atual secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, informou não haver registro de recebimento de material de propaganda referente ao convênio em que o governo federal liberou R$50 mil para campanhas.

Cópias de documentos são encaminhadas à Receita

Segundo o Ministério Público, outros convênios relativos a repasse de verbas federais estão sendo analisados. Nos casos em que houver indícios de irregularidades, cópias dos documentos serão encaminhados à CGU. Também estão sendo enviadas cópias de documentos para a Receita. Os promotores informaram que livros-caixa apreendidos em junho indicam que, no caso dos políticos, para muitos deles o mensalão era depositado em conta corrente. Por isso, foi pedida a quebra do sigilo bancário dos suspeitos de recebimento do dinheiro, bem como a indisponibilidade dos bens dos ex-integrantes do governo do PT que operavam o caixa dois. A Justiça ainda não se manifestou sobre os pedidos.

O ex-governador Zeca do PT, através do advogado Newley Amarilla, disse desconhecer a existência de caixa dois e mensalão no seu governo, e atribuiu as acusações a "sensacionalismo da mídia".