Título: Bolsa bate 42º recorde após decisão do Fed
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Fonte: O Globo, 01/11/2007, Economia, p. 29

Dólar cai a R$1,737. Papéis da Petrobras sobem mais de 3%, com alta do barril do petróleo.

O dia no mercado financeiro ontem foi de forte otimismo com a expectativa em relação ao corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros americana, confirmado no fim da tarde pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), seu principal indicador, o Ibovespa, chegou ao seu 42º recorde no ano, aos 65.317 pontos, com alta de 1,45% no dia, chegando a se aproximar dos 66 mil pontos na máxima de 65.948.

O dólar caiu 0,97% e encerrou a R$1,737, a menor cotação desde 31 de março de 2000. O risco-país caiu 4,60%, para 166 pontos centesimais. O dólar deve cair ainda mais com o aumento da diferença entre os juros brasileiros, de 11,25% ao ano, e os americanos, de 4,5% agora. Além disso, há a expectativa pelo grau de investimento - avaliação de risco baixa pelas agências estrangeiras, que permite a aplicação por fundos de pensão do exterior -, que deve trazer dólares para o país e fazer a moeda se desvalorizar ainda mais, diz o diretor de gestão da Meta Asset Management, Alexandre Horstmann.

FGTS-Petrobras foi o mais rentável de outubro

As ações da Bovespa Holding voltaram a subir ontem, 4,33%, para R$32,50, com um volume de R$267 milhões. Já os papéis da Petrobras, mais uma vez, figuraram entre as maiores altas. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 3,28% e as preferenciais (PNs, sem voto), 2,86%. O corte de abastecimento de gás feito pela estatal na véspera não teve impacto nas cotações. Já as ações da Comgás, distribuidora paulista, caíram 3,04% e as da CEG Rio - que não tem liquidez e passa meses sem negócios - perderam 7,6% na única operação do dia.

- O cenário econômico e o preço do petróleo são muito mais interpretados do que questões da própria Petrobras - diz Felipe Cunha, da Brascan Corretora.

Em Nova York, o barril do tipo cru leve americano fechou em alta de 4,59%, após o Departamento de Energia dos EUA informar uma nova queda nas reservas em 3,89 milhões de barris na última semana, para o menor nível dos últimos dois anos: 313 milhões de barris.

Com a disparada do petróleo no mercado internacional, os fundos FGTS-Petrobras foram o investimento mais rentável em outubro, com ganhos de 16,13% até o dia 26 (último dado disponível), segundo a Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid). Em segundo lugar ficou o PIBB - que aplica em ações de empresas da carteira da BNDESPar, como Vale do Rio Doce, Bradesco e Petrobras -, com rendimento de 7,48% no mês. Em terceiro, os fundos de ações, com 5,11% de valorização no período.

- Em outubro, o preço do petróleo pulou de US$80 para US$90. Com isso, as ações preferenciais da Petrobras acumularam valorização superior a 22%, com preços recordes no período. Assim, o PIBB e o fundo de ações acabaram ganhando com a alta da estatal na Bolsa. O PIBB ainda foi influenciado pela valorização das ações do Bradesco, que subiram cerca de 10%, e as do Itaú, com alta superior a 6%. Por outro lado, os papéis da Vale tiveram maior volatilidade no mês, com a expectativa de reajuste de minério de ferro para o próximo ano - explica Patrícia Branco, sócia da Global Equity.

Multimercados perdem até dos fundos de renda fixa

No mês passado, o FGTS-Vale registrou uma das rentabilidades mais baixas do mercado, com ganhos de 0,06%. No mês, até o dia 26, as ações da produtora de minério de ferro subiram 1,52%. Para analistas, a queda no preço do níquel no mercado internacional também afetou o desempenho do papel. Entre as aplicações mais conservadoras, quem saiu ganhando foi o DI, com rentabilidade de 0,8%, contra alta de 0,75% dos fundos de renda fixa. Os fundos de curto prazo registraram valorização de 0,79%.

- Com a manutenção dos juros básicos, a Selic, em outubro, os fundos DI mantiveram a rentabilidade no mesmo patamar do mês anterior. Já os de renda fixa sofreram no mês passado, pois as projeções de juros, negociadas nos contratos do mercado futuro, indicavam queda na taxa. Com isso, houve alta nas taxas futuras e os investidores optaram por não aplicar em papéis prefixados, derrubando os ganhos da aplicação - explicou Francisco Costa, sócio da Personal Investimentos.

Os fundos multimercados apresentaram ganhos de 0,2% em outubro, bem abaixo dos fundos de ações e dos de renda fixa. Segundo analistas, parte dos fundos foi prejudicada por operações no mercado futuro.