Título: Vitória de Tatto fortaleceria Marta Suplicy
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 04/11/2007, O País, p. 10

Planalto testa nomes de outros ministros e governadores do PT.

BRASÍLIA. O grupo que apóia a candidatura a presidente do PT do paulista Jilmar Tatto quer consolidar a ministra do Turismo, Marta Suplicy, como opção do partido para 2010. Uma vitória dessa corrente imobilizaria Lula, que quer testar outros nomes, especialmente o da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Pelo Planalto, outros são citados, para tentar desmistificar a idéia de que só Marta foi amplamente testada nas urnas: o dos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Fernando Haddad (Educação) - este, de fato, nunca disputou uma eleição - além dos governadores da Bahia, Jaques Wagner, e de Sergipe, Marcelo Déda.

Tatto passou a ter chances de disputar o segundo turno quando se uniu a tendência "Movimento PT", do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O esforço de seus aliados, agora, é tentar descolá-lo de Marta Suplicy.

- Uma vitória de Tatto fortalece o PT no diálogo com o presidente Lula e com o governo para a sucessão de 2010. Ele representa uma autonomia maior do partido. E o PT precisa ter autonomia para ter mais força - diz a vice-presidente do PT, deputada Maria do Rosário (RS).

Garcia foi vetado pela bancada paulista da Câmara

No PT, já há quem considere um erro a decisão de Lula de sair da disputa sobre a sucessão interna. Isso aconteceu depois que o nome de Marco Aurélio Garcia foi vetado pela bancada paulista do partido na Câmara e pelos vários grupos do estado, que viram no gesto uma interferência direta de Lula.

- O presidente Lula deveria ter disputado o processo de eleição do PT, com Marco Aurélio. Se Lula estivesse influenciando agora, ficaria mais tranqüilo em 2010 - constatou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Para Garcia, o fato de sua candidatura não ter decolado não é problema para o presidente. Ele é um dos que acreditam que, mantido o quadro atual - o PT sem um candidato natural e o governo em alta - os senhores dessa decisão serão Lula e sua alta popularidade.

- Eu voto no Berzoini, mas meu voto não é contra o Jilmar ou contra o Zé Eduardo (José Eduardo Cardozo). Se o Jilmar ganhar, foi porque o PT quis que ele ganhasse. E tudo continua igual - disse Garcia.

Mas são muitos, inclusive interlocutores de Lula em partidos aliados, que acreditam que o presidente ficará de alguma forma refém da burocracia partidária comandada pelo grupo paulista. Os vários grupos iniciam um embate partidário para saber quem terá mais força para influenciar a definição de 2010. Lula também já percebe os movimentos de José Dirceu, por trás da campanha de Ricardo Berzoini. Da mesma forma que o grupo de Tarso Genro trabalha por Cardozo. De alguma forma, todas as candidaturas tiram a liberdade de Lula para decidir com força sobre a sucessão.