Título: Candidatos em 2008 defendem verbas do tributo
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 04/11/2007, O País, p. 11

Governo quer debater futuro da CPMF na reforma tributária.

BRASÍLIA. Líderes do governo e de outros partidos também admitem que a CPMF deve se eternizar caso ela seja prorrogada. Os tucanos, por exemplo, sonham em voltar ao poder, e os presidenciáveis, como o governador José Serra e Aécio Neves, avisaram que não querem prescindir dessa verba.

A CPMF foi criada em 1993 justamente para tirar a Saúde do "caos". Ao longo do tempo, ela foi sendo usada para garantir o superávit primário do governo, por meio da parcela que vai para a DRU. Em 2008, o governo vai arrecadar R$40 bilhões com o tributo - R$160 bilhões em quatro anos, no mínimo, pois a tendência é aumentar, a cada ano, o volume arrecadado.

O líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), é o mais realista ao falar na possibilidade de a CPMF nunca mais acabar. Contra o tributo, sem qualquer negociação, o DEM acabou se isolando no Senado. Na Câmara, a dobradinha DEM-PSDB tinha sido vitoriosa ao obstruir as votações da CPMF, atrasando a aprovação e reduzindo, agora, os prazos no Senado.

- A negociação para a prorrogação da CPMF é a perenização da CPMF e o fim da discussão da reforma tributária. É a chancela do atual governo com o futuro, e a sociedade que se lixe - disse José Agripino.

- Eles querem perenizar a CPMF e usam a Saúde como desculpa - disse o deputado Rafael Guerra (PSDB-MG), integrante da Frente da Saúde.

Mantega: arrecadação maior não dispensa a CPMF

O discurso dos governistas - que no passado foram contra a CPMF e hoje lutam por sua prorrogação - é de dizer que o futuro do tributo será decidido na reforma tributária. O governo promete enviar um projeto em 30 dias ao Congresso.

- Podemos caminhar para uma estrutura tributária mais moderna de modo a acomodar melhor a CPMF. Muitos dizem que o aumento da arrecadação que estamos tendo torna a CPMF dispensável. Isso é um grande engano - diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

No lado dos empresários, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, da Fiesp, ironiza:

- Se é tão necessária como alguns pregam, que se torne definitiva a CPMF!

Além das chances de garantir a CPMF, o acordo entre o governo petista e o PSDB é visto como um marco nas relações entre os dois partidos.

- Pela primeira vez, se desceu do palanque desde a eleição - disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), diz que nunca defendeu o fim total da CPMF.

- Tenho proposta de uma alíquota de 0,08%, até como fim fiscalizatório - disse, sem explicitar quando chegaria a isso.