Título: Lula e Morales negociarão volta de investimento da Petrobras na Bolívia
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 05/11/2007, Economia, p. 20

O GARGALO É NOSSO: Encontro deverá ocorrer até o início do próximo mês.

Crise do gás pode aumentar importação do combustível do país vizinho.

BRASÍLIA e RIO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá a La Paz este mês para negociar com o colega Evo Morales novos acordos para retomada de investimentos da Petrobras na exploração de gás natural na Bolívia. Amanhã, uma missão liderada pelo presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, e representantes dos ministérios de Relações Exteriores e de Minas e Energia, embarca para La Paz para dar início às discussões entre os países.

Além da viagem oficial à Bolívia também não está descartada uma conversa preliminar de Lula e Morales, durante a reunião da Cúpula Ibero-Americana, de 8 a 10 de novembro, em Santiago do Chile. Diante da crise no abastecimento de gás no Rio e São Paulo, setores do governo cogitam a possibilidade de aumentar a importação de gás boliviano. A data do encontro dos dois presidentes depende apenas de um ajuste das agendas. No máximo, o encontro ocorrerá nos primeiros dias de dezembro.

Ministério diz que decisão caberá à Petrobras

Há cerca de 15 dias, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, e o presidente da YPFB, Guillermo Aruquipa, estiveram no Brasil para reuniões com o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, e com Gabrielli. Villegas e Aruquipa pediram a retomada dos investimentos da Petrobras na Bolívia. Hubner afirmou que essa é uma decisão de mercado que caberá à direção da estatal. O mesmo grupo, que contará aina com a diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Foster, reúne-se amanhã em La Paz.

O governo brasileiro suspendeu investimentos na Bolívia, quando Evo decretou a nacionalização do petróleo e do gás. Com essa decisão, anunciada no dia 1º de maio de 2006, a Petrobras deixou de ser dona de seus negócios na Bolívia e virou uma prestadora de serviço, além de pagar mais imposto sobre a produção. O presidente queria também aumentar o preço do combustível. Em fevereiro, a Petrobras concordou pagar entre 3% e 6% a mais pelo gás boliviano destinado a São Paulo e Cuiabá.

Na época da nacionalização, a indenização do governo boliviano pelas duas refinarias da Petrobras no país provocou uma discussão entre Lula e Morales, numa reunião sobre energia na Venezuela. Lula acenou com o diálogo, ao defender, semana passada, a realização de jogos de futebol em La Paz, apesar da altitude.