Título: Justiça manda suspender operação-padrão
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 02/11/2007, O País, p. 3

Infraero diz que paralisação deixa empresa no foco de uma nova crise na aviação civil.

BRASÍLIA. A Justiça Federal considerou ilegal a operação-padrão feita por funcionários da Infraero nos principais aeroportos do país. A decisão determinou, ontem à tarde, a interrupção imediata da greve branca, que causou longas filas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e ameaçava detonar uma nova crise no setor aéreo. No despacho, o juiz da 22ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, Enio Laercio Chappuis, também condenou o Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) a pagar multa diária de R$10 mil pelos transtornos impostos aos passageiros durante o feriado de Finados.

Em ação civil pública apresentada para interromper a greve branca, o Ministério Público Federal de Brasília também pediu que a Justiça intimasse os acusados de liderar a operação-padrão. O documento foi assinado pelo procurador Wellington Divino Marques de Oliveira.

Governo acusa aeroportuários de ignorar tentativa de diálogo

O governo acusa os aeroportuários de ignorar as tentativas de diálogo e o anúncio de que o acordo coletivo fechado pelo ex-presidente da Infraero José Carlos Pereira seria cumprido. A principal reivindicação da categoria era o reajuste de 6,5% nos salários, que segundo a estatal deve provocar um aumento de R$20 milhões ao ano em sua folha de pagamento.

Filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Sina estampava ontem, em sua página na internet, uma ilustração em que o logotipo da Infraero aparece no centro de um alvo, perfurado por um dardo. Uma enquete promovida pelo site servia de amostragem do ânimo dos funcionários dos aeroportos. No fim da noite, 43,5% dos visitantes apontavam a estatal como a principal responsável pelo caos aéreo, bem à frente do governo e das companhias aéreas.

No fim da tarde, enquanto os servidores ainda mantinham a operação-padrão e ameaçavam não fazer horas extras, o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, fez um apelo pelo fim do movimento. Em nota enviada aos servidores, advertiu que a greve branca deixaria a estatal no "foco de uma possível nova crise no setor da aviação civil" e à mercê de críticas da opinião pública.

"Conclamo a todos os funcionários para a sua responsabilidade perante a população, evitando uma execração pública da empresa por açodamento indevido e em hora errada por parte do movimento sindical", disse. Gaudenzi se declarou "surpreendido" com a decisão do Sina de manter o protesto, apesar do anúncio, na quarta-feira, de que o acordo coletivo com a categoria seria cumprido.