Título: Itália prende principal chefe da Cosa Nostra
Autor:
Fonte: O Globo, 06/11/2007, O Mundo, p. 29

Salvatore Lo Piccolo, o `Barão¿, que liderava a máfia siciliana desde o ano passado, era procurado há 23 anos.

PALERMO, Itália. A polícia italiana prendeu ontem o principal chefe da Cosa Nostra siciliana, considerado o cappo di tutti cappi, o maior chefão mafioso do país. Salvatore Lo Piccolo foi detido após 23 anos foragido, ao lado de três outros líderes da máfia. A prisão foi comemorada pelas autoridades e levou centenas de pessoas para a porta da delegacia para onde Piccolo, conhecido como ¿Barão¿, foi levado. A operação policial ocorreu no Dia da Memória, data em que anualmente os italianos homenageiam as vítimas da máfia.

¿ Estamos muito satisfeitos. As pessoas presas não são só fugitivos, mas chefões da máfia ¿ disse o procurador de Palermo, Francesco Messineo. ¿ Agora podemos esperar conseqüências positivas no desmantelamento do aparato criminoso.

Cerca de 40 policiais participaram da prisão de Piccolo, que estava escondido num chalé próximo a Palermo. Houve um tiroteio, mas ninguém ficou ferido. Ao lado do Barão, de 65 anos, foi preso seu filho Sandro, de 32 anos, e outros dois mafiosos: Andrea Adamo y Gaspare Pulizzi. Os quatro detidos estavam na lista dos 30 criminosos mais procurados da Itália.

¿ Papai, eu te amo ¿ gritou, chorando, Sandro para Piccolo enquanto era levado.

Pai e filho foram condenados por assassinatos e devem cumprir penas de prisão perpétua.

Piccolo era considerado o principal chefão mafioso desde a prisão de Bernardo Provenzano, em abril de 2006. Como líder da Cosa Nostra em Palermo, ele era o principal chefe criminoso da Sicília. Além disso, era a principal ligação entre as máfias da Itália e dos Estados Unidos.

¿ Foi um dia extraordinário para a democracia italiana e a luta contra a máfia. Os dois Piccolo são os chefões responsáveis pela reestruturação da máfia após a prisão de Provenzano ¿ afirmou Francesco Forgione, presidente da comissão parlamentar antimáfia.

O Barão começou sua carreira criminosa de baixo, como guarda-costas de Rosario Riccobono, o ¿padrinho de San Lorenzo¿, e sua função era assassinar seus adversários. Ele ascendeu na máfia, aliando-se ao clã dos Corleone, de Provenzano e do ex-chefe dos chefões, Salvatore Toto Riina (preso em 1993).