Título: Planalto conta com dissidências tucanas
Autor: Camarotti, Gerson e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 07/11/2007, O País, p. 3

Governo atribui decisão a "patrulhamento", mas afirma que terá apoio no Senado.

BRASÍLIA. O Palácio do Planalto lamentou que o PSDB tenha rejeitado o acordo para votar a favor da prorrogação da CPMF e atribuiu essa decisão à pressão da corrente do ex-governador Geraldo Alckmin - ligado a pelo menos quatro senadores tucanos mais afinados com a classe empresarial -, de setores da imprensa e de líderes do empresariado. Apesar da decisão tucana, o governo ainda aposta na aprovação da CPMF no Senado e, para isso, conta com dissidências no próprio PSDB. Para o governo, só a disposição de negociar com a oposição já criou um clima político favorável à prorrogação do imposto do cheque. O presidente Lula continua dizendo que prevalecerá o bom-senso dos senadores.

- O quadro é mais favorável do que há três semanas. O governo construiu uma proposta com apoio da oposição - afirmou um interlocutor do presidente Lula.

O Planalto considera que o PSDB tem o direito de recusar a proposta do governo, mas espera um detalhamento dos motivos que levaram os tucanos a essa posição. Para auxiliares do presidente, houve um patrulhamento sobre a bancada do Senado, por parte de aliados de Alckmin, da imprensa e do empresariado, que motivou a rejeição da proposta. A expectativa é que correntes tucanas tentem retomar a negociação.

Embora repita que tem os votos - no mínimo 49 - para aprovar a CPMF, o governo faz o discurso da conciliação. Segundo um ministro, do ponto de vista político, seria melhor, tanto para o governo como para a oposição, aprovar a prorrogação do imposto do cheque a partir de um acordo. Isso favoreceria a governabilidade e permitira que a oposição obrigasse o governo a ceder em alguns pontos.

Para o governo, ainda pode prevalecer a posição dos governadores tucanos, especialmente dos dois pré-candidatos a presidente - Aécio Neves e José Serra -, a favor da prorrogação da CPMF. A avaliação política do Planalto é a de que o DEM, sem perspectiva de poder, pode endurecer o discurso oposicionista, mas o PSDB não deve adotar essa postura para não romper com parte do eleitorado de Lula.