Título: Vale investirá em geração de energia própria
Autor: Duarte, Patrícia; Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 07/11/2007, Economia, p. 23

Empresa quer produzir até 35% do que consome e usar combustível nuclear.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP). A Companhia Vale do Rio Doce pretende investir nos próximos anos US$350 milhões em média para aumentar a geração própria de energia. A meta é produzir até 35% da energia consumida nas suas fábricas, contra 20% hoje. A Vale tem planos em termelétricas (Barcarena, no Pará), hidrelétricas (Estreito, no Rio Tocantins, entre Tocantins e Maranhão) e com biomassa e exploração de gases a partir da queima do carvão. Neste último caso, a empresa já tem um protótipo de turbina movida à base de dejetos do carvão.

- Para continuar crescendo nesse ritmo é preciso investir pesado em energia - disse Roger Agnelli, presidente da Vale, cuja produção de minério de ferro cresceu, de 2001 a 2007, 18% ao ano.

O presidente da empresa, que prevê investimentos de US$197 milhões em projetos de geração de energia este ano e US$470 milhões em 2008, voltou a afirmar que a Vale quer explorar e usar energia nuclear. Agnelli disse que a companhia negocia com o governo há pelo menos um ano formas jurídicas para flexibilizar a exploração de urânio no país. Pela legislação, as atividades de exploração, comercialização e enriquecimento são monopólio da União.

Segundo o executivo, o uso da energia nuclear será inevitável no futuro próximo. Agnelli diz ainda que o urânio, além de ser usado internamente como combustível, poderá ser vendido a outros países. Pelos dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil tem a sexta maior reserva de urânio, com 309 mil toneladas.

- O urânio é uma realidade. É uma tendência inevitável - afirmou Agnelli.

Ele explicou que a Vale já tem projetos nessa área para mineração na Austrália e no Canadá e busca parcerias em outros países:

- Se temos autorização para explorar urânio em outros países, por que não podemos fazer o mesmo aqui?