Título: Presidente da Petrobras anuncia novos investimentos na Bolívia
Autor: Damé, Luiza; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 07/11/2007, Economia, p. 24

Governo estuda alternativas para reduzir dependência do gás natural.

BRASÍLIA, RIO e NOVA YORK. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, anunciou ontem à noite, em visita a La Paz, para negociar garantias à retomada de investimentos na Bolívia, o início de uma nova fase de negociações entre os dois países. De 26 e 30 de novembro serão realizadas reuniões preliminares para preparar os acordos que serão assinados por Lula e Evo em 12 de dezembro, na Bolívia.

¿ Após novos contratos, estamos começando a avaliar a possibilidades de novos grandes investimentos na Bolívia ¿ disse Gabrielli.

Entre as garantias pedidas está a arbitragem internacional em caso de conflito de interesses. A Petrobras pretende explorar mais um campo de gás naquele país. O governo avalia ter agido corretamente ao não romper com o governo boliviano após a nacionalização. O argumento é que o Brasil precisa do gás boliviano, e a Bolívia, do dinheiro brasileiro.

Uso de diesel em termelétricas é analisado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou medidas para evitar novos problemas no abastecimento de gás a serem implementadas ano que vem, na próxima seca. A avaliação do governo, após uma reunião do setor energético realizada segunda-feira à noite, é que não há risco de apagão no Brasil, mas o país terá de usar uma matriz energética mais cara e poluente: o diesel. Entre as alternativas em análise estão a transformação das termelétricas em usinas bicombustíveis e a estocagem de gás natural liquefeito (GNL).

Atualmente, as termelétricas da Petrobras funcionam à base de gás e são acionadas quando os reservatórios das hidrelétricas atingem o nível de segurança. As usinas passariam a usar também diesel. O país também poderá importar GNL da África, que poderia ser estocado e depois regaseificado, reduzindo a dependência da Bolívia.

Na reunião realizada no Planalto, o governo concluiu que a crise foi superada. Participaram da reunião, que foi até quase meia-noite, Dilma Rousseff (Casa Civil), Nelson Hubner (Minas e Energia), Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), os presidentes da Petrobras, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, além dos diretores-gerais da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, e do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp.

O assunto continuará em pauta. Além das negociações com a Bolívia, amanhã haverá reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no Rio, sob o comando de Lula. Ele vai conversar com o presidente da Bolívia, Evo Morales, no próximo sábado, para tratar da retomada de investimentos da Petrobras no país, suspensos ano passado, quando a Bolívia nacionalizou os combustíveis.

Kelman, da Aneel, evitou falar sobre a reunião. Apenas reafirmou que a Petrobras não pediu a flexibilização do termo de compromisso que a obriga a fornecer gás às termelétricas. Kelman disse não saber quanto tempo essa situação vai durar.

¿ É muito importante para o sistema elétrico brasileiro que haja gás para as térmicas, e a Petrobras tem cumprido o termo de compromisso ¿ disse Kelman, acrescentando que atualmente está prevista a garantia de 2.200 megawatts.

O termo de compromisso prevê que a Petrobras forneça gás natural às termelétricas em caso de necessidade do sistema energético. Com a estiagem das últimas semanas, algumas térmicas foram acionadas para garantir o abastecimento de energia, obrigando a estatal a redirecionar o gás. Com isso, indústrias e postos de combustíveis no Rio ficaram sem gás.

O governo do Estado do Rio concedeu ontem licença para um novo terminal da Petrobras em Quissamã, que poderá aumentar o volume de gás natural no mercado. Agora só falta a aprovação do Ibama, que deve sair em dois dias. Segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, em breve a Feema também concederá licença para um terminal de importação e regaseificação de GNL na Baía de Guanabara.

Preço do petróleo sobe 3% e registra novo recorde

Os preços do petróleo saltaram 3% ontem, atingindo novo recorde, devido à previsão de aumento da demanda nos EUA e à ameaça de tempestades no Mar do Norte. O barril do tipo leve americano subiu 2,9%, para US$96,70. Já o do tipo Brent subiu 3,1%, para US$93,26. Para analistas, o barril pode passar de US$100 em breve, encostando nos US$101,70 ¿ pico de 1980, corrigido pela inflação.

COLABOROU Dimmi Amora, com agências internacionais