Título: BRA deve cerca de US$100 milhões a bancos, fornecedores e empregados
Autor: Rodrigues, Lino; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 08/11/2007, O País, p. 4

PERIGO NO AR E NA TERRA: Empresa diz precisar de US$30 milhões para operar.

Situação financeira ficou insustentável, afirma diretor da companhia.

SÃO PAULO. O diretor de Relações Institucionais da BRA, Danilo Amaral, disse que a empresa tem dez dias para conseguir um aporte de US$30 milhões e voltar a operar em até 30 dias. As negociações caminham no sentido de encontrar novo acionista disposto a pôr dinheiro na companhia. Outra possibilidade é fazer com que os atuais acionistas e investidores invistam mais recursos. Até a suspensão dos vôos, a BRA era a terceira maior do país, com 4,6% do mercado.

Segundo Amaral, a companhia deve US$100 milhões, 85% a instituições financeiras. O restante, cerca de US$15 milhões, é a dívida com fornecedores de combustível de aviação e funcionários. A situação financeira da empresa, disse Amaral, ficou insustentável, pois, devendo aos bancos, perdeu o crédito e ficou sem recursos para abastecer e tirar as aeronaves do solo. O leasing dos aviões em operação, segundo Amaral, está atrasado mais de 30 dias, mas as aeronaves não correm o risco de ser arrestados, como aconteceu no caso da Varig.

- Não chegamos à situação trágica de outras companhias que estavam devendo cinco meses de leasing - disse o executivo, que condicionou qualquer melhora da situação ao aporte de um novo investidor.

A diretoria da BRA se reuniu ontem com consultores da empresa Alvarez & Marçal (que trabalhou no plano de recuperação da Varig). Amaral afirmou que os executivos da companhia não trabalham com a possibilidade de entrar em processo de recuperação judicial.

Amaral disse que a decisão de interromper as operações foi tomada para que a situação de caixa não se tornasse irreversível. Os 1.100 empregados, de aviso prévio, devem ser demitidos em 30 dias, mas parte pode ser recontratada.