Título: Mangabeira propõe fim de licitações para compras das Forças Armadas
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 08/11/2007, O País, p. 14

Ministro diz que país precisa se armar, até para a eventualidade de uma guerra.

BRASÍLIA. Em meio à apreensão em torno do crescente investimento bélico feito pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, defendeu ontem a tese de que o Brasil precisa se armar. Sem citar o país vizinho e dirigindo-se a uma platéia de cerca de 1.500 pessoas, entre militares e universitários, disse que está discutindo com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes militares formas de reorganização das Forças Armadas.

- Se queremos ser um grande país, capaz de nos defender e não nos deixar intimidar, precisamos nos armar - disse Unger, em palestra no VII Encontro Nacional de Estudos Estratégicos.

O ministro, responsável por pensar políticas para o futuro do país, disse que é inconcebível que as Forças Armadas se submetam às mesmas limitações dos órgãos civis. Segundo ele, é preciso criar um regime jurídico diferenciado, para que as compras de material militar não se sujeitem à lei de licitações, recebam garantias de continuidade e não tenham recursos contingenciados a cada ano:

- Não há estratégia de desenvolvimento nacional sem estratégia nacional de defesa. O objetivo de nosso trabalho, que começo a desenvolver com o ministro Jobim e as Forças Armadas, é duro. Temos de estabelecer a causa da defesa no imaginário do país, como causa inseparável dos grandes interesses do Brasil.

Unger explicou que o trabalho está organizado em torno de uma série de hipóteses de emprego da força em circunstâncias de guerra. Uma das questões, disse, é como conciliar as responsabilidades atuais das Forças Amadas - como monitoramento de fronteiras, do território e do mar jurisdicional - com a necessidade de se preparar para a "provável evolução futura da guerra".