Título: Arma da oposição
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 21/04/2009, Economia, p. 24
A mudança de postura do Banco Central na condução da política de juros já está sendo pavimentada pelo presidente da instituição, Henrique Meirelles, no Palácio do Planalto. Nos últimos dias, ele passou a sinalizar ao presidente Lula o risco de uma queda muito forte na taxa básica (Selic) neste ano, a ponto de obrigar o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar os juros em 2010, ano de eleição presidencial. A alta poderia se transformar em uma arma poderosa nas mãos da oposição, que alegaria a incapacidade do governo para administrar a crise mundial, um problemão para a candidata do PT à sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Os críticos de Meirelles refutam, porém, qualquer argumento de que há riscos para a economia se a Selic cair 1,5 ponto percentual na semana que vem, para 9,75%, um feito histórico, pois há muitas décadas se diz que o Brasil não teria como conviver com juros de um dígito sem que a inflação voltasse com força. No Ministério da Fazenda, a visão é de que Meirelles está ¿com medo¿ de arriscar. ¿Se não aproveitarmos agora, quando a crise derrubou a atividade econômica e a inflação, para testarmos uma Selic de um dígito, tão cedo essa oportunidade não voltará. O momento exige ousadia. O mundo reduziu drasticamente as taxas. O Brasil não pode ser diferente¿, disse um assessor do Guido Mantega. (VN)