Título: Ministro desaconselha converter carro para gás
Autor: Tavares, Mônica; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 08/11/2007, Economia, p. 26

O GARGALO É NOSSO: Governo quer discutir com estados e empresas como atender a demanda pelo combustível.

Presidente da Petrobras diz que corte de abastecimento de postos de GNV no Rio foi decisão política da CEG.

BRASÍLIA e RIO. O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, desaconselhou ontem qualquer nova conversão de carros a gasolina ou álcool para Gás Natural Veicular (GNV). Ao mesmo tempo, Hubner assegurou que as pessoas que optaram por fazer a troca "não serão abandonadas".

- Eu não aconselharia - disse ele. - O que não dá é para a gente abandonar essas pessoas que, de boa fé, fizeram todo esse investimento. Elas vão continuar tendo gás, até porque as distribuidoras têm um contrato com a Petrobras - disse o ministro.

Hubner, no entanto, deixou claro que a política de fornecimento de gás é dos governos estaduais e das distribuidoras. O governo federal, explicou, quer discutir com as unidades da federação e com as empresas a política de atendimento da demanda:

- O que nós queremos é que o que for feito de expansão seja sempre amarrado em contrato, porque se está todo mundo contratado bonitinho, não teremos crise nenhuma.

Não há risco na conversão para gás, diz associação

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, por sua vez, voltou a afirmar que o uso do gás natural para veículos não é o "mais eficiente". Ele defende que o combustível seja utilizado para outros fins, como para a geração de usinas termelétricas. Gabrielli já havia defendido que é preciso desestimular o uso do gás para automóveis na sexta-feira, em Nova York.

- O uso do gás para veículos não é o melhor para o gás natural, mas isso não é responsabilidade da Petrobras. A Petrobras vende gás para as distribuidoras. A política de estímulo ou não é dos estados. Os estados é que são responsáveis pelas distribuidoras - disse ele, assegurando que todos os contratos existentes com as distribuidoras serão "totalmente honrados".

- A Petrobras não tem relação com os motoristas. Não é a Petrobras que fornece gás para os motoristas, e sim a Comgás, a CEG-Rio, as distribuidoras estaduais. A Petrobras tem um contrato com as distribuidoras, e essas distribuidoras estaduais têm contratos com os postos - frisou.

Para Richard Jardin, coordenador da Associação Brasileira de Gás Natural Veicular (ABgnv), fazer a conversão do carro para gás não é um investimento de risco para o consumidor.

- O Brasil não passa por uma crise de gás, mas por uma crise de energia. Em caso de crise, há empresas, como a Comgás, que já têm um plano de contingenciamento - disse Jardin, também gerente de vendas do mercado automotivo da Comgás.

CEG diz que Petrobras não deixou alternativas

Segundo o presidente da Petrobras, a CEG na verdade fez política ao cortar o gás dos postos do Rio na semana passada:

- Acho que cortar o gás do posto de gasolina foi decisão política da CEG. Ela tinha alternativa para cortar de outros lugares.

Em nota divulgada ontem, a CEG esclareceu que obedeceu a critérios de segurança para interromper o abastecimento dos postos. A CEG e a CEG-Rio reiteraram que fornecem ao Rio volumes de gás em proporções similares às de agosto de 2005 e não causaram uma sobrecarga no sistema da Petrobras.

Armando Laudorio, presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), qualificou como "irresponsável, impositiva e intempestiva" a forma como a Petrobras notificou a CEG sobre a necessidade de um corte de gás:

- A CEG não teve saída. E não pôde planejar o corte de abastecimento. Felizmente, não ocorreram problemas de segurança na rede.