Título: Dono da Ocean Air cresceu em meio a brigas bilionárias com a Petrobras
Autor:
Fonte: O Globo, 10/11/2007, O País, p. 4

CRISE AÉREA: Marítima construiu plataforma de petróleo P-36, que afundou.

Efromovich usou seguro de assalto a um de seus aviões para criar a empresa.

O empresário German Efromovich começou a vida vendendo enciclopédias e hoje está à frente do Grupo Sinergy, que administra a Marítima, do setor de petróleo; de negócios na área de energia; de construção naval; e de aviação, com a Ocean Air, que fundou em 1998, e a Avianca, empresa colombiana que comprou em 2004, quando seu conglomerado tinha faturamento anual de US$3,6 bilhões. Nascido na Bolívia, o empresário de descendência polonesa passou a adolescência no Chile e está há 40 anos no Brasil, onde se naturalizou. Cuida pessoalmente de tudo, trabalha 15 horas por dia e só viaja de classe econômica. Amigos e desafetos são unânimes ao reconhecer sua ousadia e agilidade nos negócios.

Nos anos 70, ganhava dinheiro com um cursinho (chamado de madureza) em São Bernardo do Campo (SP). Entre seus alunos esteve o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.

Efromovich tem um histórico de batalhas judiciais com a Petrobras, que o tornaram conhecido como o inimigo número um da estatal. Uma delas se refere à Plataforma P-36, construída pela Marítima, que afundou em 2001 na Bacia de Campos (RJ). A disputa envolve indenizações de US$2 bilhões.

A briga entre a Marítima e a Petrobras ainda envolve contratos firmados nos anos 90 para a construção de seis plataformas de perfuração de petróleo e a encomenda das plataformas P-36, P-37, P-38 e P-40. O mercado questionava o fato de uma empresa de pequeno porte ter mais de US$2 bilhões de encomendas da Petrobras entre 1992 e 1999 - quando o então presidente da estatal, Philippe Reichstul, cancelou os contratos.

A diversificação das atividades do grupo começou em 1999, quando a Marítima arrematou áreas de exploração na Bahia na primeira rodada de licitação de feita pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Efromovich se considera um homem de sorte. Mas acredita que sorte não é coisa do acaso:

- Sorte é um trinômio: estar no lugar certo, na hora certa, e ser inteligente. Na falta de um dos três, não se tem sorte - declarou, em 2004.

Seguro de assalto financiou abertura da Ocean Air

A entrada no setor aéreo foi em 1998. Efromovich tinha um bimotor para ir a Macaé (RJ) acompanhar negócios. O bimotor, eventualmente, servia a outros profissionais. Numa dessas viagens, transportava malotes do Banco do Brasil e, ao descer na cidade, foi abordado por assaltantes, que metralharam o avião e levaram o dinheiro.

Com o valor do seguro, Efromovich começou a montar a Ocean Air Táxi Aéreo, investindo na necessidade de uma rota aérea para a Macaé. Os vôos regionais regulares começaram em 2002, com a Ocean Air Linhas Aéreas. A empresa aproveitou a saída da Rio Sul, do Grupo Varig, das rotas regionais, e ficou com três aviões Brasília da empresa. No ano passado, a Ocean Air incorporou jatos Fokker 100 à sua frota e passou a operar rotas nacionais. A companhia fechará 2007 com 30 aeronaves.