Título: PMDB quer forçar renúncia de Renan
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 10/11/2007, O País, p. 10

Estratégia é eleger novo presidente do Senado antes de votar CPMF.

BRASÍLIA. O PMDB decidiu acelerar a conclusão de pelo menos três dos quatro processos que tramitam no Conselho de Ética contra Renan Calheiros (PMDB-AL) antes do fim de sua licença da presidência do Senado, que termina dia 26. A estratégia interessa a Renan, porque ele acredita que terá mais chances de salvar o mandato se for julgado em plenário antes da votação da emenda que prorroga a CPMF. Caso seja absolvido, crê que terá margem de manobra para negociar a própria sucessão - seja acertando a renovação de sua licença, para não tumultuar a votação da CPMF, ou deflagrando a disputa pelo comando da Casa. Esse último cenário não agrada ao governo, que gostaria de manter o petista Tião Viana na presidência até a votação da CPMF.

O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), confirma a pressa do partido para julgar Renan. Ele disse esperar que os três processos já iniciados, ou ao menos o mais importante - que investiga se Renan usou laranjas na compra de uma rádio e um jornal em Alagoas -, sejam votados quarta-feira, no Conselho, e até dia 22 no plenário. Certo de que Renan renunciará à presidência, se salvar o mandato, Raupp propõe que a sucessão seja resolvida em duas semanas - antes de votar a CPMF:

- Quanto mais rápido for concluído o julgamento de Renan, melhor para todo mundo. Também acho possível fazer a eleição para a presidência do Senado ainda este ano. Assim que o cargo ficar vago, vamos buscar um candidato de consenso dentro do partido.

Renan tem dito que sua prioridade é salvar o mandato. Como o governo não quer ver a votação da CPMF atropelada pela sucessão no Senado, Renan teria dado sinais de que renovaria sua licença por mais 45 dias, adiando a eleição na Casa, em troca da absolvição. Sua condenação deflagraria a sucessão. Mas parte do PMDB deverá pressioná-lo para que renuncie após o julgamento em plenário. Assim, o partido poderia controlar a Casa na votação da CPMF.