Título: Dólar fraco reduz lucro da Petrobras em 21%
Autor: França, Mirelle de; Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 10/11/2007, Economia, p. 45

EXPLORANDO PETRÓLEO: Renegociação dos contratos com a Petros também diminuiu resultado da estatal no período.

Efeito do câmbio desvalorizou ativos da empresa. Ganho foi de R$20,7 bilhões de janeiro a setembro deste ano.

A valorização recente do real frente ao dólar influenciou negativamente os resultados da Petrobras apresentados ontem. O lucro líquido da estatal nos nove primeiros meses foi de R$20,719 bilhões, valor 21% inferior ao registrado entre janeiro e setembro do ano passado. Já entre julho e setembro, os ganhos somaram R$5,528 bilhões, o equivalente a uma redução de 22% na comparação com o terceiro trimestre de 2006. De acordo com o diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Almir Barbassa, a variação cambial afetou o valor dos ativos da companhia denominados na moeda americana e provocou um impacto de R$2,1 bilhões no balanço.

Barbassa destacou que, apenas no terceiro trimestre, esse impacto negativo do câmbio foi de R$900 milhões. Além da valorização da moeda brasileira frente ao dólar, a repactuação no início do ano dos contratos do fundo de previdência da Petrobras, a Petros, no valor de R$1 bilhão, também afetou os resultados.

- A redução do lucro líquido no terceiro trimestre e no acumulado dos últimos nove meses aconteceu em virtude desses dois fatores - afirmou Barbassa. - Temos investimentos no exterior e ativos em dólar. Quando o dólar perde o valor, eles representam menos reais para a empresa.

A receita operacional líquida subiu 3% no terceiro trimestre, para R$44,469 bilhões. De acordo com a Petrobras, a alta é resultado do aumento das vendas nos mercados interno e externo.

A companhia divulgou que seu valor de mercado alcançou US$240 bilhões na última quinta-feira, uma alta de 127% no último ano. Com esse valor, a Petrobras está pouco atrás da britânica BP, terceira maior companhia petrolífera do mundo, cujo valor de mercado, na mesma data, era de US$243 bilhões.

Resultado aquém do esperado decepciona

A produção nacional subiu 2% de janeiro a setembro, para 1,79 milhão de barris de petróleo por dia. No terceiro trimestre, a alta foi de 1%, com a produção alcançando 1,77 milhão de barris. A pequena melhora está relacionada à entrada em produção das plataformas P-50 e P-54 e do sistema de produção de Golfinho.

Para Patrícia Branco, sócia da Global Equity, o resultado veio muito fraco. Segundo a executiva, o dólar afetou o resultado financeiro da estatal. Porém, ela acredita que nos últimos três meses deste ano, com a cotação do petróleo batendo US$100 o barril e as novas descobertas, o resultado vai melhorar:

- O barril estava a US$75. Com o preço a US$100, teremos um outro cenário. Esperávamos um lucro entre R$7,2 bi e R$7,3 bi, mas os aumentos dos custos e das despesas pesaram no resultado.

Ontem, a Petrobras anunciou a compra de 87,5% da refinaria japonesa Nansei Sekiyu Kabushiki Kaisha (NSS), que tem como sócia a TonenGeneral Sekiyu Kabushiki Kaisha (TGSK), subsidiária da americana Exxon Mobil, por cerca de US$50 milhões. Outra acionista, a Sumitomo, permanecerá com 12,5%.