Título: Área econômica muda de discurso
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 12/11/2007, O País, p. 8

CPMF fez governo prometer até controle de gastos, a que sempre resistiu.

BRASÍLIA. Com sua prorrogação ameaçada, a CPMF está obrigando o governo a prometer medidas às quais sempre resistiu: controle mais rígido de gastos públicos, desonerações com a CPMF e até redução gradativa de sua alíquota. Nas negociações para garantir a aprovação da prorrogação do tributo, a área econômica adotou o discurso tucano de controle de gastos, o que contraria ações do governo, que são justamente no sentido de aumento de despesas com custeio da máquina, a começar pela contratação de mais funcionários.

Agora, o governo pode ser obrigado pela base a transformar em realidade promessas feitas em negociações com o PSDB. O PDT, por exemplo, quer compromisso do governo pelo controle dos gastos e promessa de redução da alíquota. Sobre isso, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), conversará hoje com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e também com o presidente Lula.

Senadores e técnicos da área econômica admitem que há espaço para redução, e que a tendência é adotar redução gradativa ao longo dos próximos quatro anos e não apenas a redução de 0,02 ponto percentual.

- Queremos saber qual é o mecanismo para controle dos gastos. Admiro que o PSDB não tenha se aprofundado nisso nas negociações. Queremos isso e a redução da alíquota da CPMF, ou o governo não terá os votos do PDT - cobra o líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM).

Na verdade, Mantega estuda "bondades calculadas", trabalhando com uma "gordura" advinda do excesso de arrecadação e da previsão de aumento do recolhimento da CPMF em 2008. Inicialmente, a arrecadação foi prevista para R$39,2 bilhões, mas o governo informou ao Congresso reestimativa para pouco mais de R$40 bilhões.

Estimativas de técnicos do Congresso, com base nas previsões do governo para o crescimento da economia, indicam que, em 2009, a CPMF chegaria a R$43,8 bilhões; a R$48,1 bi em 2010; e a R$52,8 bi em 2011.