Título: Tucanos rejeitam apelo de Lula por CPMF
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 12/11/2007, O País, p. 8

Líder do PSDB no Senado diz que é tarde para voltar a negociar imposto que passará pela primeira prova de fogo.

BRASÍLIA. O governo enfrenta esta semana a primeira prova de fogo para a prorrogação da CPMF até 2011, com a votação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. E o novo apelo por apoio à manutenção do imposto, feito anteontem, no Chile, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dificilmente encontrará eco no PSDB. Para os tucanos, o tempo de negociação dessa matéria já se esgotou.

Líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) é contrário à reabertura de negociações do partido com o governo. Virgílio critica a forma como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, conduziu as conversas e disse que os números foram escamoteados. Para ele, voltar a negociar, neste momento, poderia significar a desmoralização do partido.

- É confortável para o governo, mas desmoralizante para o PSDB. As negociações aconteceram, houve um desfecho. Você pode pedir ao interlocutor tudo, menos que ele se diminua. Não acho bom ficar petequeando a bancada - argumentou Arthur Virgílio, acrescentando: - Recebo esse apelo do presidente Lula com muito respeito, mas a hora não é a mais adequada. Ultrapassamos o tempo de conversar sobre essa matéria.

Assessoria de Jereissati não confirma encontro com Lula

O senador Sérgio Guerra (PE), que participou da tentativa de acordo, também vê com ceticismo a possibilidade reabertura das negociações e novos avanços. Ele lembrou que as bancadas do Senado e da Câmara já discutiram isso e o voto de manutenção das conversas - que ele defendeu - foi vencido.

- Acho importante que o presidente tenha disposição para tratar de matéria dessa relevância com a oposição. Mas essa disposição não foi confirmada pela proposta do Ministério da Fazenda - disse o tucano.

Tanto Virgílio como Guerra acreditam que a bancada votará unida contra a prorrogação da CPMF.

- O partido não vai fechar questão, nem precisa. Tem unidade, e o cenário é contra a prorrogação - disse Guerra.

- O PSDB dará quatro votos contra a prorrogação na CCJ e 13 em plenário. Vamos votar juntos - garantiu Virgílio.

A assessoria do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), não confirma o encontro com o presidente Lula esta semana.

Governo substituirá senadores para garantir aprovação

A senadora Kátia Abreu (DEM-GO) apresenta hoje seu parecer, pela extinção da CPMF, na CJJ, mas a matéria só deverá ser votada na terça-feira, porque o acordo é para que seja concedido pedido de vista coletivo. Um voto em separado, defendendo a prorrogação da cobrança, deverá ser apresentado pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, já avisou que o governo substituirá, se necessário, senadores da base contrários à cobrança para garantir a aprovação na CCJ. Os líderes partidários acham que essa é uma estratégia que mais atrapalha do que ajuda.