Título: Bancos estrangeiros desembarcam no Brasil de olho na expansão do crédito
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 12/11/2007, Economia, p. 18

Em cinco anos, 135 instituições pediram autorização para operar no país.

Após os anos 90, uma nova leva de bancos estrangeiros chega ao Brasil, apostando suas fichas no maior país da América Latina. Diferentemente da década passada, quando a estratégia era entrar no varejo e competir com as principais instituições financeiras nacionais, os conglomerados internacionais apostam desta vez em segmentos específicos e com forte potencial de crescimento. Com a queda na taxa básica de juros, a Selic, e o aumento de renda da população, o investimento é direcionado ao mercado de capitais e ao crédito pessoal.

De acordo com analistas, o movimento começou em 2003 e ganhou força este ano. Dados do Banco Central (BC) comprovam o maior interesse: 135 instituições internacionais entraram com pedido de autorização para atuar no país nos últimos cinco anos. O investimento para um banco começar a atuar no país é alto e pode ultrapassar os US$50 milhões. A maioria quer o registro de banco múltiplo, ou seja, que pode operar através das carteiras comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito e financiamento.

Só este ano, até outubro, são mais de 30 pedidos - e de todas as partes do mundo. Há três semanas, o Bank of China Limited entrou na fila. Seu objetivo, além de atuar na área de crédito e de ações, é o mercado de câmbio. O investimento inicial, segundo o governo chinês, será de US$60 milhões.

O americano Lehman Brothers, que destinou mais de US$50 milhões para a operação brasileira, aguarda liberação do BC, assim como a lusitana Caixa Geral de Depósitos, que acaba de abrir escritório em São Paulo. O Natixis, do Groupe Banque Populaire, quinto maior banco francês, e o japonês Yamaha devem obter liberação em breve.

- O desenvolvimento do crédito no país é reflexo da estabilidade econômica, permitida pelas reformas feitas na última década. As instituições querem coordenar ações de empresas na Bolsa, emprestar dinheiro com desconto na folha de pagamento e oferecer crédito para a baixa renda, através de parcerias com redes de varejo - diz Ana Clara Abraão Costa, economista-chefe da Tendências.

Proximidade de grau de investimento eleva interesse

Segundo analistas, a entrada de novos bancos é uma clara antecipação ao grau de investimento, que deve ser concedido pelas agências de risco ao Brasil até o fim de 2008. Os americanos estão entre os principais interessados. Com a licença na mão, o americano Goldman Sachs acaba de nomear Renata Canalle, Adriano Carneiro Piccinin e Stephen Hartness Graham para o comando da operação no país. O Morgan Stanley aguarda o processo de autorização. O The Bank of New York Mellon, que hoje atua como distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM), pedirá uma licença para operar no país como banco.

- A licença de banco é para poder ter mais serviços no futuro - afirma Zeca Oliveira, presidente do banco no Brasil. - Quais serão os novos negócios? Depende das oportunidades.

- Cada banco entrará no país apostando em nichos específicos. O Citi, por exemplo, fortalece sua área de capitais - diz Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Ratings.