Título: Subsídio dos EUA pode triplicar para US$24 bi
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 11/11/2007, Economia, p. 32

Em 2008, país vai ter 73 novas usinas de etanol e deve dobrar produção do combustível.

Não é só na pesquisa do etanol de segunda geração que os Estados Unidos estão correndo contra o tempo. Em 2008, 73 novas usinas do combustível vão entrar em operação, o que vai permitir ao maior consumidor de petróleo do mundo dobrar a produção de 24,7 bilhões de litros de etanol para 49,4 bilhões de litros. Já o Brasil está prevendo 100 novas usinas de cana, mas a produção aqui vai subir de 18 bilhões de litros para 26 bilhões de litros de etanol.

A pressa americana é proporcional ao tamanho do problema. O país se impôs metas arrojadas: reduzir em 20% o consumo do petróleo, nos próximos dez anos. Só que os americanos ainda não descobriram como fazer etanol de segunda geração de forma competitiva e têm limites para ampliar a produção de etanol a partir de milho.

Etanol de milho é turbinado por ajuda governamental

Para garantir a segurança energética, os Estados Unidos não descartam a possibilidade de triplicar os subsídios ao etanol, que hoje são de US$8,4 bilhões. Isso significa, segundo cálculos do Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL, sigla em inglês), que esse gastos podem pular para US$24 bilhões ou até US$28 bilhões. O etanol de segunda geração deverá ter US$5 bilhões em subsídios.

- Os subsídios não são uma boa política, são perversos e ainda suscitam a discussão sobre segurança alimentar - admite Mark Smith, diretor da Câmara de Comércio dos Estados Unidos.

Não bastasse fazer eco às críticas da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) contra os subsídios americanos, Smith ainda adverte para os efeitos colaterais que o aumento da produção de etanol já vem causando nos Estados Unidos.

Os preços do milho começaram a subir em meados de 2006, impulsionados pela percepção de que, com a multiplicação das usinas de etanol, o produto precisaria ter sua área de plantio ampliada. Esse avanço nos preços do milho também fez as cotações da soja dispararem, já que as duas culturas disputam o mesmo espaço no Meio-Oeste do país.

- Esse é um tema bem controverso por aqui, já que a alta do preço do milho no campo provocou um aumento dos alimentos nos supermercados, especialmente carne, ovos e leite, indústrias que usam o milho como matéria-prima - concluiu Smith. (Liana Melo)