Título: BRA diz não ter dinheiro para reembolso
Autor: Franco, Bernardo Mello; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/11/2007, O País, p. 5

Empresa diz que, sem acordo com investidores, solução é vender ativos.

A BRA informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que se a companhia não receber o aporte mínimo de US$30 milhões de que necessita para retomar as atividades, a solução será vender ativos para garantir o reembolso aos passageiros que compraram bilhetes. Pelo menos 70 mil passagens da BRA foram vendidas até março de 2008. De acordo com a companhia, a prioridade nos pagamentos será dos passageiros. A BRA, no entanto, não informou que tipo de ativos serão postos à venda caso a empresa não consiga o aporte financeiro de que necessita.

Na tentativa de garantir que os funcionários tenham condições de receber salários e dívidas trabalhistas, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos entrou com uma medida cautelar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio, solicitando o bloqueio de bens dos administradores da empresa.

Segundo o advogado da federação Mario Caliano, o objetivo da ação, que tramita na 41ª Vara do Trabalho do Rio, é assegurar o pagamento de salários aos empregados da companhia. A ação, apesar de ter sido impetrada no TRT do Rio, garante os direitos aos 1.100 trabalhadores que na terça-feira receberam aviso prévio da companhia.

Webjet aceita oferta pra ficar com cinco aviões da BRA

Enquanto a BRA tenta se reerguer e os trabalhadores buscam o caminho da Justiça para garantir seus direitos, o mercado de aviação civil que não faz parte do chamado duopólio do setor começa a se mexer para aumentar a concorrência.

De acordo com o consultor e especialista Paulo Sampaio, o presidente da Webjet, Paulo Henrique Coco, recebeu e aceitou a proposta feita pelas empresas de leasing de ficar com cinco aviões Boeing 737-300 que fazem parte da frota da BRA.

- Estive com o presidente da Webjet que falou da proposta, prontamente aceita. Com isso, além dos aviões, a Webjet se compromete a contratar a tripulação (pilotos e comissários de bordo) necessária para a operação destes aviões - afirma Sampaio.

Para ele, a aquisição pela Webjet das aeronaves deverá ser concretizada já em dezembro. A Webjet tem hoje duas aeronaves e aguarda a chegada de mais duas, uma em dezembro e outra entra em janeiro. Com a aquisição de mais cinco aviões da BRA, a empresa amplia sua frota para nove aeronaves.

- O objetivo da Webjet é ampliar a malha aérea com as aquisições. A empresa está com disposição e fôlego já que 100% da Webjet está hoje nas mãos da CVC. É um bom negócio para o setor e para os passageiros, já que haverá uma nova concorrente no mercado - diz Sampaio.

A OceanAir também está investindo. German Efromovich, dono da companhia, afirma que a empresa fechará 2007 com 30 aeronaves. Efromovich disse que não pretende absorver as rotas da BRA porque já voa para destinos semelhantes. Para ele, uma parte do duopólio no Brasil depende do governo e a outra parte cabe ao passageiro, que pode usar outras alternativas. O caos aéreo, afirma, se dá pela concentração nas empresas que dominam o mercado. Segundo ele, o objetivo da empresa é ter 15% do mercado até 2010:

- Isso sem tirar passageiros de ninguém, apenas com o crescimento da demanda