Título: Jobim: governo não é responsável por passageiros
Autor: Franco, Bernardo Mello; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/11/2007, O País, p. 5

O CAOS CONTINUA: Ministro promete ajuda a quem tem bilhete de volta para casa, mas não a quem viajaria nas férias

BRASÍLIA. Dois dias depois do anúncio de que a BRA suspendera seus vôos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que o governo não se responsabilizará pelas 70 mil pessoas que compraram passagens da companhia e não viajaram. Ele só prometeu ajuda aos que já percorreram um trecho da viagem e devem ter o bilhete de volta endossado por outra companhia.

- Os outros são aqueles que compraram passagens para o ano que vem ou as férias. Esses terão problemas. Evidentemente a situação é outra. Não será o contribuinte brasileiro que vai resolver o problema. O problema é de mercado - afirmou.

Segundo ele, o governo não tinha condições de agir para evitar a quebra da BRA:

- Estamos em livre mercado. O contribuinte brasileiro não teria que investir na BRA, e sim seus investidores.

Jobim afirmou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) criará formas de acompanhar a saúde financeira das empresas aéreas e admitiu que o governo foi pego de surpresa. Segundo ele, a suspensão dos vôos não vai complicar mais a situação dos aeroportos, pois a BRA tinha 4,5% do mercado.

- O prejuízo, no que diz respeito ao sistema, é que nós não temos outra empresa que pudesse concorrer com o duopólio (da TAM e da Gol) - disse.

O presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, descartou o aumento do caos nos aeroportos com o fim dos vôos da BRA e disse que TAM e Gol têm condições de suprir as rotas. Indagado se era a favor de o governo oferecer ajuda à empresa, reagiu:

- Não, o sistema é capitalista. Cada um monta sua empresa e opera. Já houve momentos que o sistema era capitalismo de Estado. Qualquer dificuldade, o governo entrava com o dinheiro do contribuinte.