Título: CPMF: governo cobra lealdade da base
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Fonte: O Globo, 09/11/2007, O País, p. 8

Mares Guia diz que negociou com PSDB porque aliados não garantiram votos.

BRASÍLIA. Preocupado com o risco de não conseguir aprovar, no Senado, a prorrogação da CPMF, o Planalto cobrou ontem dos líderes dos partidos aliados unidade e lealdade. Durante reunião do Conselho Político, ontem no Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, disse que a negociação com o PSDB foi aberta porque os aliados não podiam assegurar os 49 votos necessários, embora tenham 53 senadores. O discurso público continuou otimista, mas internamente há grande preocupação.

Para a votação em plenário, o Planalto calcula que teria 50 votos dos 53 senadores da base. E na CCJ do Senado o placar é apertado em favor do governo: 12 votos a dez. Isso se os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Peres (PDT-AM) ficarem votarem com o governo.

Apostando em votos da oposição, Mares Guia disse:

- Fechamento de questão é político, não é punitivo. Não vamos ameaçar ninguém, porque temos garantia da convicção desses senadores em relação à importância da CPMF. A beleza da democracia é isso: você negocia, mostra a importância, discute, vai chegando a hora da decisão, e as pessoas atendem.

Mantega desiste de ir à reunião do G-20 na África

Na luta pela CPMF, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desistiu de viajar semana que vem para encontro do G-20, na África. Ele continuará negociando. Para a primeira batalha na CCJ, terça-feira, os líderes poderão até trocar integrantes. O alvo é o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), adversário político local do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e que, por isso, votaria contra a CPMF.

Segundo participantes da reunião, Mares Guia admitiu a mudança no PTB, seu partido. Já no PMDB, apesar de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ser voto certo contra a CPMF, não haverá mudanças na CCJ, como assegurou o líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO).

- Na CCJ, os líderes serão os responsáveis por suas bancadas. Se for um voto perdido, o líder avalia o que fazer - disse Jucá.

- Ouvi um zunzunzum de que iriam me substituir. Por enquanto, voto contra por motivo pessoal. Se fizerem isso, haverá um motivo político - avisou Mozarildo.

Nem todos os líderes apóiam mudanças na CCJ.

- É fundamental que o governo ultrapasse a CCJ. Mas trocar senadores só causa mais problema depois em Plenário - avalia o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).

Jucá reforçou necessidade de conversar com senadores

No encontro, Jucá fez um mapeamento dos votos e reforçou a necessidade de conversar com cada senador. Dos 53 senadores da base governista, são votos considerados irreversíveis os de Jarbas, Mozarildo e Mão Santa (PMDB-PI). No PMDB, Simon já é dado como certo a favor da CPMF, assim como Valter Pereira (MS), apesar das ameaças públicas. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) apresenta seu relatório segunda-feira. Como ela pedirá a extinção da CPMF, Jucá apresentará um voto paralelo.