Título: Carro a gás ainda é vantagem para consumidor
Autor: Ribeiro, Fabiana; Sodré, Eduardo
Fonte: O Globo, 09/11/2007, Economia, p. 29

EXPLORANDO PETRÓLEO: Reajustes podem ser superiores a 25% ao longo de 2008, disse especialista da Coppe/UFRJ.

Gasto médio para rodar com gasolina é o dobro do GNV, segundo cálculos do Centro Tecnologias do Gás.

O gás natural veicular (GNV) ainda é mais vantajoso para o bolso do consumidor do que os combustíveis tradicionais. Um carro que roda, em média, 200 quilômetros por dia pode vir a gastar por mês R$1.650,67 com gasolina - mais do que o dobro dos gastos com GNV, de R$714,56. E o retorno do investimento poderia vir em aproximadamente quatro meses, se considerado um kit-gás comprado por R$4 mil. Os cálculos foram feitos pelo simulador do Centro Tecnologias do Gás (CTGás).

No caso do álcool, a diferença das despesas é menor: o custo com combustível seria de R$972 mensais (36% a mais). E a previsão de retorno do investimento para a conversão seria de 16 meses.

- Para o bolso do consumidor, ainda é mais vantajoso usar carro a gás. Mesmo com a possibilidade de aumento no GNV de 25% em 2008. A preocupação vai além do preço: recai sobre o abastecimento. Em situações emergenciais, e elas podem ocorrer até 2010, o GNV dos postos tende a ser o primeiro a ser cortado. O GNV tem substituto, como a gasolina, que é exportada. O país não produzirá mais gás para os automóveis - alertou Alexandre Szklo, professor da Coppe/UFRJ.

Fiat vai continuar a produzir seu carro a gás

Para Magno Xavier, especialista da Suporte, assessoria para postos de serviços, o rendimento do GNV é 40% superior ao do álcool. No entanto, os consumidores podem ter dúvidas na hora de fazer novas conversões.

- Do ponto de vista econômico, é válida a troca. Mas o cenário, em especial para Rio e São Paulo, é de incerteza. Há dúvidas sobre abastecimento.

Única a produzir um carro equipado de fábrica com GNV, a Fiat não mudará seus planos para o Siena 1.4 Tetrafuel, que acaba de passar por uma remodelação. A queda nas vendas é esperada, e o fabricante está acompanhando a evolução da crise, na torcida de que o abastecimento seja normalizado e os preços, estabilizados.

No último trimestre, cerca de mil unidades do carro foram emplacadas por mês, média cinco vezes superior às expectativas mais otimistas da Fiat. É a segunda versão mais vendida do sedã compacto.

Os preços do petróleo continuam altos, apesar da queda de ontem. O barril do tipo leve americano recuou 0,94%, para US$95,46, após ter sido negociado a US$97,70. Já o do tipo Brent caiu 0,48%, a US$92,79. A queda se deveu a temores sobre a desaceleração da economia americana neste trimestre e no início de 2008.