Título: Discrição real colocada à prova
Autor:
Fonte: O Globo, 13/11/2007, O Mundo, p. 36

Do urso ao comandante, um ano difícil para o rei Juan Carlos.

MADRI. Figura simbólica dentro do sistema político espanhol, a discrição costumeira do rei Juan Carlos foi colocada em xeque diversas vezes no último ano. O bate-boca com Chávez, que fez correr o mundo a frase ¿por que não se cala?¿, é apenas o último momento de uma série de ocasiões em que o monarca se viu sob os holofotes.

Em outubro de 2006, o jornal russo ¿Kommersant¿ divulgou a denúncia de que Juan Carlos teria participado de uma caçada ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na qual o alvo foi um urso domesticado que estaria drogado. A reportagem, que citou um ambientalista como fonte, foi desmentida pela Casa Real.

Em julho deste ano, o rei voltou a ser alvo de atenção devido a uma forte ofensa do Partido Nacionalista Basco (PNV). O senador Iñaki Anasagasti afirmou, em seu site, que a família real era ¿um bando de vagabundos¿. Ao justificar suas declarações diante do escândalo, em vez de recuar, Anasagasti argumentou: ¿Por que deve haver todo esse respeito reverencial?¿

As declarações do senador basco foram feitas apenas uma semana depois que a revista ¿Jueves¿ publicou uma capa na qual mostrava uma caricatura do príncipe Felipe de Astúrias e sua mulher, a princesa Letizia, numa relação sexual.

Em setembro, durante uma visita do rei a Girona, na Catalunha, ocorreu uma queima de centenas de fotos da família real. Algumas pessoas foram processadas por atentar contra a imagem do chefe de Estado, numa decisão que gerou polêmica.