Título: PSDB tenta unir bancada no plenário
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 14/11/2007, O País, p. 8
Governo vai procurar cooptar senadores tucanos e do DEM a favor da CPMF.
BRASÍLIA. Preocupados com uma nova investida do governo sobre senadores do PSDB, agora que está autorizada a redução gradativa da alíquota da CPMF - ainda que não nos níveis desejados pela oposição -, os líderes tucanos buscaram ontem garantir a unidade da bancada contra a prorrogação do tributo. E rejeitaram, com ênfase, qualquer possibilidade de reabrir a negociação com o Palácio do Planalto, temendo novo desgaste na imagem do PSDB. Os governistas ainda acreditam que poderão ter cinco ou seis votos do PSDB e do DEM na votação final, no plenário.
A reação mais enfática contra a retomada de negociação foi do líder, senador Arthur Virgílio (AM). O grande temor do partido é que o Planalto comece a fazer negociações individuais para cooptar tucanos. No governo, o cálculo hoje é apertado para a votação no plenário: no máximo, 49 votos. Para ter uma margem de folga, quer 54 votos.
- Se o Planalto tentar a cooptação individual, só vai complicar ainda mais a relação com a gente. Será um insulto! A bancada vai ser inflexível. Não adianta mais oferecer coisas novas. Falta tempo para negociar. Até porque, o governo não cumpre acordo algum - reagiu Virgílio.
O futuro presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também negou qualquer possibilidade de acordo. Para ele, a proposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, continua tímida:
- A redução da carga tributária para o próximo ano continuará a mesma. Ou seja, cerca de R$2 bilhões. Nossa preocupação é com uma redução maior dessa carga de tributos e com uma prioridade absoluta na Saúde. Por isso, não existe mais negociação com os tucanos.
Diante da resistência oficial do PSDB e de baixas dentro da base aliada, o Planalto vai acionar o plano B: a negociação individual. No PSDB e no DEM, estão na mira seis senadores. O esforço é para que os partidos não fechem questão nas bancadas.
- Essa situação já existiu. O DEM costuma fechar questão, mas libera senadores. O PSDB também flexibiliza. Há experiência anterior, quando os tucanos liberaram João Tenório (AL) para votar a favor da absolvição de Renan Calheiros. Há senadores no DEM e no PSDB que querem votar a favor da CPMF. Vamos negociar esses votos - avisou a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).
No PSDB, o investimento será nos senadores Eduardo Azeredo (MG), Lúcia Vânia (GO) e até Tasso Jereissati (CE), que já demonstraram simpatia pela prorrogação da CPMF. No DEM, os alvos são Jonas Pinheiro (MT), Jayme Campos (MT) e Rosalba Ciarlini (RN). Ontem, a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), tentava conquistar o voto de Rosalba no cafezinho.
- O governo fez uma nova proposta para a prorrogação da CPMF. Vamos ter que analisar o texto. Agora, vai depender muito de como o partido vai se posicionar - ponderou Rosalba.
Mas o líder da bancada, Agripino Maia (RN), atacou qualquer possibilidade de entendimento e avisa que o partido fechou questão:
- A posição contrária ao aumento da carga tributária é cláusula pétrea do partido.