Título: Conselho absolve Olavo Calheiros
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 14/11/2007, O País, p. 9

Tudo caminha para uma grande pizza também no caso de Renan.

BRASÍLIA. Por 14 votos a zero, o Conselho de Ética da Câmara arquivou ontem a representação por quebra de decoro, feita pelo PSOL, contra o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL). Todos os conselheiros acompanharam o relator, José Carlos Araújo (PR-BA), que afirmou não haver provas nem indícios contra Calheiros.

Segundo a acusação, Calheiros estaria envolvido no esquema de licitações fraudulentas supostamente comandadas pela construtora Gautama. Seu nome é citado pelo dono da construtora, Zuleido Veras, em telefonemas. A representação do PSOL juntou outras denúncias, como a de tráfico de influência em favor da cervejaria Schincariol.

- Se Olavo Calheiros é santo? Não, mas nem por isso vai arder na fogueira da injustiça - disse o relator.

Olavo Calheiros, que abriu mão de falar, estava acompanhado do ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e do irmão Renildo Calheiros.

No Senado, diante da constatação de que seu afastamento da presidência da Casa reduziu a pressão pela cassação de seu mandato, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) articula a antecipação de seu próximo julgamento em plenário, acreditando que o momento é favorável à absolvição.

Até senadores da oposição admitem que ele conseguirá salvar o mandato. Hoje deverão ser votados, no Conselho de Ética, dois dos quatro processos contra ele. A expectativa, confirmada pelo presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), é que Renan seja julgado em plenário dia 22 próximo.

Mesmo ciente de que o relatório do senador Jefferson Peres (PDT-AM) - relativo à denúncia de que o senador alagoano usou laranjas na compra de emissora de rádio e um jornal no estado - deverá concluir que há indícios de quebra de decoro parlamentar, Renan e seus aliados estão confiantes na absolvição.

- As chances de Renan ser absolvido são maiores. Seu afastamento da presidência reduziu a pressão pela cassação - afirmou o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RR).

Para o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o destino de Renan dependerá do relatório que Peres levar ao Conselho. Mas admite que a situação é mais favorável a Renan:

- O clima de cassação acabou.

Depois de ouvir ontem mais uma rodada de depoimentos, Jefferson Peres disse ter indícios da quebra de decoro:

- Indícios houve, resta saber se são fortes ou fracos.

Nenhuma das testemunhas ouvidas pelo relator apresentou provas documentais. O governador de Alagoas, o tucano Teotônio Vilela, defendeu Renan:

- Sou alagoano. Conheço o trabalho do Renan e me sinto no direito de vir aqui jogar flores na Geni. - salientou o governador.