Título: Viana apóia lobby e manobra de sindicalistas
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 14/11/2007, O País, p. 9

Petista deve mandar proposta que acaba com imposto sindical obrigatório para o plenário, sem passar por comissões.

BRASÍLIA. Líderes das centrais sindicais conseguiram ontem uma vitória no lobby que fazem no Senado para manter a contribuição sindical obrigatória - um dia de trabalho de todo trabalhador por ano. Com apoio de um dos três relatores da matéria na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senador Paulo Paim (PT-RS), articulam com o presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-AC), para que o projeto seja votado diretamente no plenário, sem passar por votação nas três comissões. O argumento é que, como o projeto tramita com urgência constitucional, poderia trancar a pauta no próximo dia 10, atrapalhando a votação da CPMF.

Nas comissões não há consenso sobre a manutenção do imposto e a derrubada das emendas aprovadas na Câmara, que prevêem o fim da contribuição e dão ao Tribunal de Contas da União (TCU) direito de fiscalizar o uso do dinheiro destinado aos sindicados.

Mas o apoio de Viana, que hoje reúne os líderes para tentar fechar acordo nesse sentido, foi garantido após reunião com sindicalistas. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, disse que o encontro seria para fechar o acordo para que Viana marcasse a votação no plenário, deixando de lado as comissões especiais.

- O que houve na Câmara foi um golpe no meio do jogo do Brasil, e nós só perdemos de 215 a 161 - disse Paulinho, convencendo Tião Viana.

Derrubadas as emendas, o projeto terá de voltar para nova votação na Câmara, onde os sindicalistas acham que agora viram o jogo. Viana concorda:

- Essa matéria deverá voltar à Câmara, porque foi decidida no meio de um jogo, quando metade dos deputados estava com os olhos no futebol e a outra metade, na votação.

O autor da emenda que acaba com a contribuição obrigatória, deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), reagiu à articulação e criticou o fato de Viana se render ao lobby dos sindicalistas:

- Vão atropelar tudo, passar o trator, porque nas comissões poderiam perder. Não posso crer que o presidente do Congresso atribua aos deputados, inclusive do seu partido, péssimo comportamento: de ter votado com desídia e negligência.

O argumento do senador Paulo Paim, um dos três relatores nas comissões, é que o prazo constitucional vence dia 30 de dezembro. Mas, segundo a Mesa Diretora, a matéria chegou à Casa em 25 de outubro, e o prazo de 45 dias vence dia 10.

- Estamos trabalhando no prazo constitucional, que vence dia 30. Vamos amanhã (hoje) ao colégio de líderes buscar o entendimento para votar direto no plenário - apoiou Paim.

Relator da matéria na Comissão de Assuntos Econômicos, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), disse que prefere que a votação se dê primeiro nas comissões, mas não se oporá a dar seu parecer direto no plenário.

- É melhor encerrar o debate e votar nas comissões, onde a matéria pode ser aperfeiçoada. Mas se for dentro de um contexto maior, de limpar a pauta para votar a CPMF, eu relato no plenário - afirmou Dornelles.