Título: Deputados querem mais poder na cúpula tucana
Autor: Damé, Luiza; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/11/2007, O País, p. 10

Na convenção que escolherá executiva do PSDB, bancada na Câmara defenderá discurso mais agressivo contra Lula.

BRASÍLIA. A bancada de deputados federais do PSDB pressiona para reduzir o poder dos senadores na executiva nacional do partido e ampliar seu espaço no comando tucano, que será renovado esta semana em convenção nacional. Os deputados querem mais agressividade na oposição ao governo Lula, seguindo a linha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Levantamento do PSDB mostra que, na votação de projetos de interesse do Palácio do Planalto, 53% dos senadores apoiaram o governo, contra 20% dos deputados.

- O pleito dos deputados é justo, válido e importante - diz o líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP).

As diferenças ficaram latentes na discussão da prorrogação da CPMF. O debate expôs a divisão do PSDB e a fragilidade de seu discurso de oposição. Os deputados votaram contra, mas os senadores negociaram com o governo. No final, pressionados pelos deputados e outros líderes como Fernando Henrique, decidiram ficar contra a CPMF.

Essas divergências permearão os debates no Congresso Nacional do PSDB, no dia 22, seguido da convenção que elegerá a nova executiva.

- É preciso colocar mais deputados na executiva para dar uma postura mais agressiva ao partido - defende o deputado Arnaldo Madeira (SP), tesoureiro-adjunto do PSDB.

Governo negocia mais no Senado, justifica Guerra

O senador Sérgio Guerra (PE) será eleito presidente, no lugar de Tasso Jereissati (CE), e trabalha para ter uma chapa única. Ele discorda da tese de que a bancada tucana na Câmara seja mais oposicionista do que os senadores. O que ocorre, diz, é que, como tem base menor no Senado, o governo sempre está disposto a negociar ali.

A posição dos governadores aumentará o clima de crise. Os tucanos vão aproveitar o encontro para tentar convencer a bancada do Senado a retomar as negociações com o governo sobre a prorrogação da CPMF. A governadora do Rio Grande do Sul, Yêda Crusius, admite que esse será um dos principais assuntos da convenção:

- Segunda-feira vou a Minas conversar com Aécio Neves; na terça, com o Serra (José Serra, governador de São Paulo); e na quarta chego a Brasília. Sem uma reforma tributária, realmente a CPMF faz falta.

Cotado para disputar a sucessão do presidente Lula em 2010, Serra evita a polêmica, mas já deu seu recado:

- É preciso decidir: ou elimina a CPMF ou mantém a CPMF. Deixar a CPMF para este governo e tirar do próximo não me parece correto politicamente.

O PSDB vive sua maior crise desde a fundação, em 1988. Os tucanos avaliam que não encontram o rumo desde a derrota na eleição de 2002.

- Temos que construir a nossa posição em sintonia com a opinião pública - observa o deputado José Aníbal (SP), ex-presidente do PSDB.

A bancada da Câmara (53 deputados) quer a secretaria geral, pelo menos duas vice-presidências e a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV).

COLABOROU Gerson Camarotti