Título: Brasil quer montar entreposto na ilha
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 18/11/2007, Economia, p. 33

Para presidente da Apex, "é o melhor lugar do mundo, na cara dos EUA e de toda a América Latina".

HAVANA. Quarto maior parceiro comercial de Cuba, com exportações de US$342 milhões, o Brasil estuda a instalação de um centro de distribuição na ilha, sob a administração da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). A idéia é que empresas de pequeno e médio portes tenham um entreposto com mercadorias à mão para atender aos clientes. Em outra frente, Cuba abre espaço para grandes investimentos brasileiros em energia e transporte e venda de manufaturados nas licitações públicas.

Só em ônibus, Cuba deve comprar mais 450 mil unidades. A Marcopolo conhece bem o mercado local, apesar de recentemente ter perdido uma licitação de 75 mil unidades para a chinesa Yutong. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já informou que um dos objetivos de sua visita será a assinatura de um acordo da Petrobras com a estatal cubana Cupet, para exploração em águas profundas. E a paranaense Ferroeste pesquisa, com um parceiro belga, planos para ferrovias.

- Se você olhar Cuba como entreposto, é o melhor lugar do mundo, na cara dos EUA e de toda a América Latina - afirma Alessandro Teixeira, presidente da Apex.

Opinião compartilhada por empresários, especialmente os pequenos, para os quais a logística faz diferença. Eles vêem a abertura econômica como inevitável e destacam que é preciso já estar em Cuba quando ela se consolidar.

- Já vendi 8.600 peças, ou US$130 mil, de proteção anti-raio à telefônica Etecsa - conta Marcello Orrico, sócio da mineira Camper. - Imagine quando as obras e a rede de comunicação se ampliarem.

Orrico foi um dos 37 empresários levados pela Apex à XXV Feira Internacional de Havana. Foram fechados US$6,7 milhões em negócios, chegando a US$33 milhões em 12 meses.

- Apreciamos muito a qualidade das roupas brasileiras. Mas os preços podiam ser mais baixos - pechinchava, na feira, Maria Eugênia Valero, da rede de varejo cubana TRD Caribe.

Uma brincadeira, pois ela já é cliente do consórcio têxtil de Santa Catarina: comprou cinco contêineres de roupas há um ano, por US$1,2 milhão.

- As dificuldades de negociar com Cuba são encontrar o contato certo, da estatal certa. Mas, uma vez decididos, eles são rápidos, e não tenho notícia de problemas de pagamento - diz Vanessa Bressiane, do consórcio. (F.B.)