Título: Alíquota divide opiniões
Autor: Damé, Luiza; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 15/11/2007, O País, p. 4

SÃO PAULO. A decisão do governo de propor uma redução de 0,02% da alíquota da CPMF em 2008 - hoje em 0,38%, mas que chegará a 0,30% em quatro anos - divide opiniões. Enquanto há quem defenda o fim da contribuição, outro grupo acha que o tributo deve ser mantido, a fim de garantir projetos nas áreas de saúde e educação.

O presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman, disse que o governo precisa levar adiante a reforma tributária, caso contrário a redução da alíquota da CPMF não terá impacto sobre a atual carga tributária. Ele diz que considerou a redução de 0,38% para 0,36% uma "luzinha de expectativa" no túnel, mas que a medida, isolada, não ajuda o país. Segundo ele, é preciso diminuir despesas de custeio para que, em 2011, a CPMF não se torne permanente.

- Se não houver uma reforma tributária, aí é que ninguém segura. E a CPMF continuaria até 2120 - ironizou. - O próximo presidente também não vai querer abrir mão. Ou seja, vai se transformar em algo permanente.

Szajman fez uma ressalva: disse concordar que, para o governo, é difícil abrir mão da arrecadação de R$40 bilhões. Mas alerta:

- Uma CPMF fora do bojo de uma reforma tributária não vai ajudar a desonerar a sociedade dessa carga tributária que engessa o país.

Já a presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, elogiou a redução, e disse que o tributo deve ser mantido para que o país possa ter saúde e educação de qualidade. Segundo ela, a CPMF é um instrumento que induz a participação de todos no trabalho pelo social.

- Tem muito dinheiro que não está à vista nesse país - disse ela, para quem os opositores da CPMF gritam contra o imposto "apenas para se proteger". - Concordo que o imposto era alto, mas vai diminuir. Só não pode acabar.

Sobre a proposta de isenção via INSS, que atingirá quem ganhar R$2.894 (hoje a renda atingida é de R$1,7 mil), Zilda comemora:

- Para os pobres, essa decisão é um grande ganho - disse.