Título: Aliados ainda usam CPMF para barganhar
Autor: Jungblut, Cristiane; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 15/11/2007, O País, p. 8

CONFRONTOS NO CONGRESSO: "Estamos conversando com todos, teremos que trabalhar muito, não será fácil", diz Ideli.

Concessões do governo foram insuficientes para assegurar votos de senadores da base, e Planalto negocia caso a caso.

BRASÍLIA. As concessões da área econômica que garantiram a vitória do governo na votação da CPMF na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado não foram suficientes para pacificar a base aliada de 53 senadores. Depois de ceder em questões técnicas, o governo enfrenta agora pleitos individuais, que incluem até problemas políticos regionais. A ordem é continuar trabalhando com cada senador, para evitar surpresas como a do líder do PDT, Jefferson Peres (AM), que desistiu de votar pela CPMF anteontem à noite, depois de ter comemorado o acordo com a área econômica, de manhã.

O governo trabalha com cenários que vão do pessimista - se todos que ameaçam votar contra realmente fizerem isso, teria 45 votos, hoje - ao mais otimista, 52 votos, já contando com traições na oposição. Após a votação na CCJ, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), confidenciou a colegas que os votos garantidos hoje são 45. São necessários 49 votos para aprovar a emenda constitucional da CPMF, em dois turnos.

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), reconheceu que há muito trabalho pela frente:

- Estamos conversando com todos, teremos que trabalhar muito, não será uma votação fácil.

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), diz acreditar que o governo tenha 50 votos, mas pondera sobre a necessidade de diálogo com a oposição:

- Se não for feito acordo com a oposição, a votação do primeiro turno pode ficar para 10 a 15 de dezembro.

Outro problema é que a pauta do Senado está trancada por quatro medidas provisórias. Enquanto não forem votadas essas MPs, não é possível iniciar a discussão, por cinco sessões, da emenda constitucional. O cronograma do governo é votar o primeiro turno entre os dias 6 e 11 de dezembro e o segundo turno, entre os dias 18 e 20.