Título: País precisa de 4 ou 5 empresas fortes
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 15/11/2007, O País, p. 9

Jobim defende maior participação de capital estrangeiro no mercado aéreo.

BRASÍLIA. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que o país precisa de quatro ou cinco grandes companhias aéreas como a Gol e a TAM. O ministro disse que o crescimento da economia estimulará a criação de novas empresas no setor. Ele defendeu o projeto de lei que prevê a ampliação da participação do capital estrangeiro nas empresas de 20% para 49%. Para Jobim, o aumento do capital estrangeiro, conforme prevê o projeto em tramitação no Congresso, seria saudável para as companhias em atividade no país.

- Temos duas empresas com envergadura e várias grandes pequenas empresas. A fusão neste momento é importante para dar envergadura às empresas. Precisamos chegar a quatro ou cinco empresas fortes.

Jobim afirmou, no entanto, que o principal problema do setor é a precariedade na infra-estrutura dos aeroportos, e não as empresas aéreas.

- Vamos separar as coisas. O ano foi difícil, mas não para as empresas aéreas. Nosso problema básico é a infra-estrutura dos aeroportos - disse, após solenidade de entrega de medalhas no Clube do Exército.

O ministro disse também que não vê problemas na fusão das companhias Total e Trip. Para Jobim, a associação entre as empresas é importante para garantir a concorrência no setor. A Trip e a Total anunciaram anteontem um plano de fusão. De acordo com pedido entregue à Anac, a Trip vai incorporar, a partir de janeiro de 2008, todos os vôos operados pela Total, bem como aviões, tripulações e quadro técnico. A união resultará em uma empresa aérea com uma frota de 17 aeronaves que atenderão 60 cidades das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, com foco nas ligações entre capitais e o interior.

Não haverá dinheiro novo na transação, apenas uma alteração societária para abrigar os ativos das duas companhias, tendo a Trip como acionista majoritária. O negócio ainda precisa passar pelo crivo do órgão regulador, mas deve ser aprovado, segundo fontes da Anac. O anúncio foi feito uma semana depois que a BRA parou de voar e o governo apelou à OceanAir para transportar os passageiros que ficaram no chão.

Embora os dirigentes da Total e da Trip não associem seus planos à quebra da BRA, a nova empresa ganha cacife para se candidatar aos slots (espaços para pousos e decolagens nos aeroportos) em Congonhas.

- Neste momento, não queremos fazer nenhum pleito, apenas que a Anac aprove a operação. Mas, sem dúvida, temos interesse em Congonhas - disse o superintendente da Total, Deilson Matoso.