Título: Tucanos barram manobras de sindicalistas
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 15/11/2007, O País, p. 12

Partido rejeita acordo para levar projeto direto ao plenário, sem passar por comissões, nas quais não há consenso.

BRASÍLIA. O PSDB barrou, pelo menos temporariamente, a articulação dos sindicalistas para que seja votado diretamente no plenário do Senado o projeto que legaliza as centrais sindicais, acaba com a contribuição sindical obrigatória e permite ao Tribunal de Contas da União (TCU) fiscalizar o uso dos recursos dos trabalhadores. Para que a tramitação no Senado pulasse a votação nas comissões seria necessária a concordância de todos os líderes. Mas, na reunião de ontem do colégio de líderes, comandada pelo presidente interino Tião Viana (PT-AC), o líder tucano, Arthur Virgilio (AM), não aceitou.

No fim do dia, em reunião com Tião Viana, o autor da emenda sobre o fim do imposto sindical, deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), pediu que o presidente do Senado garanta a votação da matéria nas comissões, antes do plenário. O deputado explicou que uma emenda do senador tucano Flexa Ribeiro (PA) pode sanar as inconsistências do projeto aprovado na Câmara, além de estender o fim da contribuição às entidades patronais. Para facilitar um entendimento, Flexa Ribeiro sugere prazo de 180 dias para que a cobrança seja suspensa, o que ultrapassa o início do ano fiscal, em março, dando aos sindicatos ainda o ano de 2008 para se adaptarem à mudança.

Para evitar o veto do presidente Lula, Augusto disse que apóia a emenda que estabelece um ano de transição.

- O Lupi, ministro do Trabalho de Lula, tem circulado de braços dados com o pessoal das centrais, ameaçando com o veto. Para evitar o veto, admito um entendimento de modo a que tenham mais um ano de mamata, mas que em 2009 usem a criatividade e convençam os trabalhadores a se filiar e legitimar seus sindicatos. Não adianta ganhar e não levar. Com a possibilidade do veto, seria uma Vitória de Pirro - disse Augusto, após o encontro com Tião Vianna.

"Não temos que fazer só o que querem os líderes sindicais"

Nova reunião de líderes, na terça-feira, decidirá sobre a votação ir direto a plenário.

- A tendência é ir mesmo direto para o plenário. Mas o PSDB quer primeiro discutir com a bancada, com o Pannunzio e o Augusto. Mas vamos manter a fiscalização do TCU sobre os recursos arrecadados com a contribuição do trabalhador. Não temos que fazer só o que querem os líderes sindicais, não - disse o líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES).

Arthur Virgílio avisou que só vai dar sua posição depois que reunir o partido e realizar uma reunião da relatora da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a tucana Lúcia Vânia (GO), com o especialista em relações do trabalho José Pastore e com os autores das emendas que alteraram o texto do Executivo na Câmara: o líder do PSDB, Antônio Carlos Pannunzio, (SP) e Augusto Carvalho.

Para ter um contraponto ao lobby das centrais sindicais, o PSDB quer incorporar ao debate o economista Pastore, radicalmente contra a manutenção do imposto sindical. A idéia de pular a votação nas comissões, onde não há consenso, foi proposta pelos dirigentes sindicais e contou com o apoio de Tião Viana e do relator da proposta na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), Paulo Paim (PT-RS).

Na reunião de ontem, Paim, de acordo com o relato de presentes, fez uma exposição para tentar convencê-los a derrubar as mudanças na Câmara, como querem os sindicalistas.