Título: Mais leite pode ter sido adulterado, diz ministro
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 15/11/2007, Economia, p. 25

Anvisa admite não ter capacidade para fiscalizar grande número de estabelecimentos.

Henrique Gomes Batista

BRASÍLIA. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, não descartou ontem, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que casos de adulteração do leite com soda cáustica e água oxigenada - como os constatados pela Polícia Federal em duas cooperativas de Minas Gerais, no mês passado - tenham ocorrido em outras localidades do país. Mesmo assim, ele disse que este tipo de fraude em não deve ser considerado uma regra.

- Temos que reconhecer que, em vez de dois casos isolados, talvez tivéssemos mais casos que não foram identificados. De qualquer forma, você restringe (o problema da adulteração) a um pequeno número de casos que devem ser considerados de forma isolada, que devem ser tratados como uma fraude e, principalmente, como crime e devem ser punidos como tal - afirmou o ministro.

A diretora de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Maria Cecília Martins Brito, confirmou que podem ter existido mais fraudes no leite no país. Em sua exposição, ela disse que o órgão tem de trabalhar com prioridades e que o universo de cerca de um milhão de estabelecimentos sob sua tutela é muito grande para a equipe que possui:

- Nas áreas de medicamentos, alimentos e produtos de saúde as fraudes não são poucas, mas tentamos nos antecipar a elas.

Stephanes disse ainda que o novo sistema de fiscalização do produto - que será feito sem data marcada e por um rodízio de fiscais, ao contrário do regime atual de um funcionário fixo por empresa - vai ser suficiente para impedir novas fraudes no futuro.

Stephanes, porém, compartilhou com a indústria de lácteos a responsabilidade de coibir casos de adulteração. Para o ministro, o setor precisa investir em pesquisa e laboratórios, de forma a fiscalizar o produto entregue pelos fornecedores antes de processá-lo. O ideal, segundo ele, é que ao ministério coubesse apenas a auditoria da fiscalização. Ele estendeu a necessidade de compromisso ao varejo:

- O supermercado que vende um produto que não está correto é tão responsável quanto a empresa que o fabrica.