Título: Pressão contra o aborto
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 17/11/2007, O País, p. 10

Descriminalização é discutida em evento.

BRASÍLIA. Setores da Igreja Católica atuam na 13ª Conferência Nacional de Saúde para barrar a aprovação da proposta de apoio à descriminalização do aborto no país. O assunto tem sido debatido no encontro e deverá ser votado amanhã, na plenária de encerramento. Um eventual apoio da conferência ajudaria a reforçar a pressão no Congresso Nacional a favor de mudanças na legislação.

A Pastoral da Criança é o setor religioso que atua com mais veemência e distribui material contrário à proposta. A coordenadora da Pastoral, Zilda Arns, está em campanha contra a iniciativa.

No primeiro teste de votação, realizado anteontem, a descriminalização do aborto foi aprovada em sete dos dez grupos plenários que discutem e votam as quase 600 propostas nas áreas da saúde. Mas, para ser aprovado em definitivo, o projeto precisaria da aprovação unânime e ter passado pelas dez plenárias. Como isso não ocorreu, o tema vai ser apreciado e votado pelos cerca de quatro mil delegados da conferência neste fim de semana.

Nos panfletos que distribui, a Pastoral argumenta que o aborto é um crime covarde e consiste em matar um ser humano inocente.

- Ser contra o aborto é fazer uma opção pela vida - disse Zilda Arns.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou ontem que a eventual aprovação amanhã do apoio à descriminalização do aborto será um grande avanço. Desde que assumiu o ministério, Temporão defende o direito à interrupção da gravidez, sob o argumento de que o assunto tem que ser tratado como problema de saúde pública:

- É muito importante esse debate, que vinha sendo meio velado. O aborto está sendo discutido de maneira aberta. Estou satisfeito com o resultado obtido este ano.