Título: Economist: Deus é brasileiro
Autor: Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 17/11/2007, Economia, p. 34

LONDRES. "Tudo isso, e petróleo também". Este é o título de um artigo da revista "Economist" que chegou às bancas britânicas esta semana, referindo-se à descoberta do campo de Tupi. A revista lembra que, desde a chegada dos portugueses, o Brasil tem fama pela exuberância de sua natureza, a fertilidade de seu solo e suas reservas minerais, "que alimentam o crescimento da China". "E, como se para provar o ditado de que "Deus é brasileiro", parece agora que bilhões de barris de petróleo estão nas águas profundas da costa do país".

A revista ressalta que ainda não se sabe ao certo de quanto são as reservas. E lembra que as estimativas da Petrobras, de 5 bilhões a 8 bilhões de barris, "não colocam o Brasil no grupo de Venezuela e Arábia Saudita, como Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, proclamou". Mas admite que só o topo da estimativa corresponde às reservas da Noruega. E ainda pode haver outros depósitos. Se confirmada a descoberta, diz a "Economist", será a segunda maior em 20 anos, só atrás dos 12 bilhões do Cazaquistão, em 2000.

Outro ponto citado é uma possível mudança no equilíbrio de poder na América Latina, a favor do Brasil. Se o país, já auto-suficiente, tornar-se um exportador, afirma a "Economist", "poderá reduzir a influência do presidente da rica em petróleo Venezuela, Hugo Chávez, na região". E acrescenta que no último dia 13 a Petrobras retirou-se de um projeto naquele país, "como se a reforçar essa idéia".

Com relação à retirada dos blocos próximos a Tupi do leilão, apesar de admitir um sinal de "petronacionalismo em alta", a revista afirma que foi uma decisão prudente, "já que esses blocos podem ser muito mais valiosos".

A polêmica sobre a época escolhida para o anúncio não escapou à "Economist", que lembrou a divulgação da queda de 22% nos lucros da Petrobras, menos de uma semana depois, bem como a crise do gás. A revista também ressalta que a produção de Tupi só estará a pleno vapor depois da eleição presidencial de 2010 - para a qual Dilma, "ex-trotskista, é citada como candidata potencial". O artigo afirma que, assim como o apagão de 2001 ajudou a eleger Lula, a questão energética pode ser uma grande dor de cabeça para o atual governo.