Título: Renan deve renovar licença da presidência
Autor: Jungblut, Cristiane; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 21/11/2007, O País, p. 10

Governo quer evitar debate sucessório nas votações da CPMF.

BRASÍLIA. Irritado com as manobras da oposição, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a ameaçar reassumir o cargo de presidente do Senado. Renan esperava ser julgado em plenário amanhã, confiante de que seria absolvido. Na noite de segunda-feira, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), acertou um novo acordo com Renan, convencendo-o que seria uma estratégia errada o confronto com a oposição.

Ontem, Romero Jucá foi ao Palácio do Planalto e comunicou ao ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e ao presidente Lula que Renan renovará a licença da presidência do Senado. Mas o que ainda preocupa o governo é a possibilidade de uma renúncia do senador alagoano no início de dezembro.

Renúncia é único trunfo de Renan para a absolvição

Esse gesto abriria o processo sucessório no Senado, tumultuando ainda mais a votação da emenda constitucional que prorroga a CPMF na Casa. O problema é que a promessa da renúncia é o trunfo que Renan tem para conquistar mais votos pela absolvição.

- A tendência é renovar a licença, mas até o momento o cargo de presidente do Senado não está vago. Portanto, não dá para falar em sucessão. O que acontecerá depois da votação do processo em plenário só será avaliado na hora. Não é possível antecipar - ponderou Jucá.

- Não podemos misturar a sucessão com a CPMF. Por isso, esse processo sucessório só deve acontecer depois - avaliou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

"Se Renan for absolvido, voto contra CPMF", diz Camata

Se houvesse um consenso no PMDB sobre o sucessor de Renan, a eleição poderia ocorrer imediatamente após a renúncia, sobrando tempo para a aprovação da CPMF.

- A oposição tenta empurrar o caso de Renan e a CPMF para afunilar tudo na semana do Natal. Por isso, vamos tentar resolver o caso de Renan no início de dezembro e votar em seguida a sucessão. Depois da renúncia, teremos até cinco dias para o Senado escolher o novo presidente da Casa. A bancada iria se reunir e entrar em consenso rapidamente para não atrapalhar a CPMF - afirmou a líder do PMDB, Valdir Raupp.

- Se o Renan for absolvido por esse acordão, eu vou votar contra a CPMF. E não serei o único na bancada a ter esse comportamento - avisou o senador Gerson Camata (PMDB-ES).

- Votar contra a CPMF seria a melhor reação para protestar contra um acordão - reforçou o senador Osmar Dias (PDT-PR).