Título: Usuários do SUS dependem da CPMF
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 22/11/2007, O País, p. 8

Lula faz apelo a senadores; Mantega alega risco de dano à imagem do país.

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, utilizaram argumentos diferentes, ontem, para, mais uma vez, tentar convencer o Senado a aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. De manhã, Lula disse que, sem o tributo, quem sofrerá as conseqüências serão os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Já Mantega argumentou que a não-aprovação da prorrogação trará danos internos à situação fiscal do país, e externos, à sua imagem. Já o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) disse que sonegadores que são contra a CPMF.

- As pessoas estão tomando consciência de que votar a CPMF é uma questão de compromisso com o resultado das políticas de saúde que estamos implementando no Brasil, já há muito tempo - disse Lula. - Eu digo sempre que, se alguém imagina que não votando a CPMF vai criar algum problema com o governo, ledo engano, as pessoas vão criar problemas para os milhões de brasileiros que dependem do dinheiro do SUS.

Lula: sem concessões para conter "a febre do Senado"

Lula deu a entender que não fará mais concessões:

- Nós já fizemos acordo, as propostas estão colocadas, já aceitamos a redução da alíquota, já isentamos uma parcela de até R$2,8 milhões (na verdade, R$2,8 mil), o que é uma coisa importante. Agora, vamos deixar o jogo ser jogado. Não dá para a gente ficar todo dia aumentando ou diminuindo a febre do Senado.

Para Mantega, ficar sem a arrecadação de R$40 bilhões é um sinal muito ruim para os mercados doméstico e internacional:

- Isso poderia arranhar o nosso conceito. Nós teríamos que explicar como cobrir essa frustração de arrecadação que viria sem a CPMF. Temos que zelar pelo equilíbrio fiscal, e a CPMF faz parte disso.

O ministro Paulo Bernardo, por sua vez, destacou a importância do efeito de fiscalização do imposto:

- Já falei isso uma vez e ficaram bravos comigo, mas quem não gosta da CPMF são sonegadores, que acham que, sem ela, vão ter a oportunidade de ter mais um afrouxamento na arrecadação e na fiscalização.

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, também afirmou que quem reclama da CPMF não é a maior parte da população:

- Apenas 6% das pessoas físicas contribuem com 56% da arrecadação da CPMF das pessoas físicas. Vamos ver quem está reclamando da CPMF. Não é a grande população que está sendo prejudicada.

COLABOROU Gustavo Paul