Título: Abin quer ser ampliada e englobar 11 ministérios
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 22/11/2007, O País, p. 10
Órgãos que aderirem teriam salas na sede da agência.
BRASÍLIA. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, deverá apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias um projeto de ampliação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A proposta prevê a vinculação de 11 ministérios e 21 órgãos do governo federal, como Infraero e Ibama, à Abin.
Os órgãos que aderirem ao chamado Departamento de Integração do Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência) terão salas com computadores e telefones exclusivos na sede da Abin.
- A idéia é criar um condomínio de órgãos federais em que a Abin atuaria como síndico - afirmou o diretor da Abin, Paulo Lacerda, ex-diretor-geral da Polícia Federal.
Sistema funcionaria 24 horas por dia
Se o presidente Lula aprovar a idéia, o novo braço operacional da Abin poderia entrar em atividade já no próximo ano. Os cinco primeiros órgãos consultados informalmente já manifestaram interesse em aderir ao novo sistema.
Pela proposta de Lacerda, os 32 órgãos a serem convidados deverão manter cinco funcionários nos escritórios próprios instalados na Abin. Eles trabalhariam em escala de plantão e, com isso, o sistema funcionaria 24 horas todos os dias, inclusive fins de semana e feriados.
Segundo Lacerda, o compartilhamento do mesmo espaço físico facilitará a troca de informações e a reação imediata dos órgãos públicos em casos emergenciais. Atualmente, a Abin pode fazer esse tipo de levantamento de dados no Sisbin ou por meio de ofício a outros órgãos federais. No entanto, as consultas demoram dias, às vezes semanas.
Informação sobre ataques em SP chegaram tarde
Em muitos casos, a Abin se vê obrigada a agir só depois que determinados fatos já aconteceram. Paulo Lacerda lembra, por exemplo, que parte dos ataques de uma organização criminosa em São Paulo em 2006 poderia ter sido evitada se houvesse integração e troca de informações entre os órgãos de segurança pública.
A Polícia Federal captou, numa conversa de criminosos de Pernambuco, que uma organização criminosa estaria preparando ataques a determinados alvos em São Paulo. A Polícia Federal repassou a informação para a Polícia Civil. Mas, quando os dados chegaram às mãos das autoridades e foram devidamente analisados, os criminosos já estavam em ação nas ruas de São Paulo.
Paulo Lacerda afirmou que não há risco de a Abin se intrometer no banco de dados dos órgãos que integrarão o sistema. Os bancos de dados só poderão ser consultados pelos funcionários dos próprios órgãos e com senhas específicas.