Título: Tarifa de Angra 3 pode aumentar
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 22/11/2007, Economia, p. 27

Governo estuda repassar a consumidor custo do atraso de 21 anos na obra.

A energia da usina nuclear de Angra 3 poderá ficar mais cara do que o previsto inicialmente, caso parte do montante de R$1,5 bilhão já gasto no projeto (61% desse valor se referem a custos provocados pelo atraso de 21 anos das obras) venham a ser incorporados a sua tarifa. O assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, informou ontem que a tarifa da usina está sendo analisada pelo Ministério de Minas e Energia, em conjunto com a Eletrobrás e a Eletronuclear.

O Gerente de Empreendimentos da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, explicou que a inclusão dos gastos já realizados poderá elevar as tarifas de Angra 3 dos atuais R$140 por megawatt/hora (MWh) para cerca de R$170 o MWh.

- O assunto ainda está em estudo, mas há um consenso de que só se leve em conta o custo do próprio empreendimento, que é estimado em R$7,3 bilhões - destacou Messias.

Mesmo mais cara, usina de Angra 3 continuará competitiva

Os dois executivos da Eletronuclear acreditam, porém, que, mesmo que a tarifa de Angra 3 chegue a R$170 o MWh, a usina continuará competitiva em relação a outras fontes de energia, como o gás natural, quando entrar em operação, o que está previsto para ocorrer em 2014.

O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, amenizou o problema, afirmando que, mesmo considerando os custos provocados pelo atraso das obras de Angra 3 - como gastos com armazenamento de equipamentos e custos financeiros - a tarifa pode ficar em torno de R$140 o MWh. Sem os custos, a tarifa deverá ficar entre R$120 e R$130 o MWh.

- Se os custos desses anos todos do projeto parado não forem expurgados, quem vai pagar é o consumidor. Não é justo que ele pague. Agora existem créditos e débitos com os quais se pode fazer um encontro de contas - afirmou Othon Luiz.

O presidente da Eletronuclear acredita que, no primeiro trimestre de 2008, o Ministério de Minas e Energia terá concluído os estudos sobre investimentos, tarifas e os contratos já existentes de Angra 3. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) condicionou a construção da usina à avaliação desses três itens. Até o fim deste ano, a empresa suíça Colenco deverá entregar os estudos sobre os investimentos necessários para construir a usina, que deverão ficar em R$7,3 bilhões.