Título: Estrangeiros vendem papéis na Bovespa
Autor: Duarte, Patrícia; Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 22/11/2007, Economia, p. 31

Saldo de investidores externos está negativo. Bolsa tem mais um dia de queda.

RIO e BRASÍLIA. A crise das hipotecas de alto risco (as chamadas subprime) dos Estados Unidos e o medo de que a desaceleração da economia americana ganhe força no próximo ano estão levando os investidores estrangeiros a venderem suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em novembro, até o dia 14, o saldo (diferença entre a compra e a venda de ações) externo está negativo em R$3,145 bilhões. Já as pessoas físicas acumulam saldo positivo de R$1,872 bilhão.

Ontem, o mercado financeiro teve mais um dia de nervosismo. A Bovespa fechou em queda de 2,81%, aos 60.581 pontos. O dólar subiu 1,08%, para R$1,779, e o risco-Brasil, 4,98%, para 232 pontos centesimais. Nos EUA, o S&P caiu 1,59% e, assim, anulou todos os ganhos do ano, segundo analistas. Nasdaq e Dow Jones recuaram 1,33% e 1,62%, respectivamente.

Segundo Alexandre Espírito Santo, da ESPM-RJ e sócio da Plenus Gestão de Recursos, o pequeno investidor e os clubes de investimento estão comprando as ações dos estrangeiros, que estão migrando para ativos mais seguros e fazendo caixa. Em novembro, a Bolsa já acumula queda acima de 7%.

- Na Bolsa, as empresas novatas de setores de construção e consumo tiveram fortes quedas, pois os estrangeiros estão vendendo suas ações - diz Gustavo Barbeito, da Prosper.

O movimento dos estrangeiros também aparece no fluxo cambial - entrada e saída de moeda estrangeira - do país, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). Nos dez primeiros dias úteis de novembro, a conta financeira apresentou déficit de US$1,286 bilhão. Em outubro, a rubrica - que contabiliza aplicações em bolsa de valores, títulos e mercados futuros - fechara positiva em US$828 milhões. O resultado ocorreu devido ao envio ao exterior de US$17,571 bilhões, contra entradas de US$16,286 bilhões.

No total, porém, o fluxo manteve-se positivo, ajudado pela balança comercial. O saldo líquido ficou em US$3,148 bilhões até o dia 14, quase o mesmo de igual período de 2006, quando esteve em US$3,802 bilhões.

Ontem, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) informou que as perdas resultantes da crise do subprime podem totalizar entre US$200 bilhões e US$300 bilhões. O Mitsubishi UFJ Financial Group, maior banco do Japão, registrou queda de 49% no lucro do primeiro semestre fiscal, afetado por investimentos em títulos de crédito de alto risco. (Bruno Rosa e Patrícia Duarte, com agências internacionais)