Título: Hurricane: policiais vão devolver armas
Autor: Martins, Marco Antônio
Fonte: O Globo, 22/11/2007, Rio, p. 17

Juíza determina que os 31 presos durante operação entreguem carteira, armamento e fiquem em casa.

A juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal, determinou que 31 policiais, entre civis e federais, presos este ano durante as operações Hurricane 1 e 2 (furacão em inglês), devolvam as armas e a carteira à suas instituições. Além disso, todos devem ficar em casa enquanto o processo estiver em curso.

A decisão aconteceu a partir de um pedido feito por procuradores do Ministério Público Federal (MPF). De acordo com a solicitação do MPF, os policiais suspeitos de passarem informações à máfia dos caça-níqueis não poderiam estar lotados em delegacias, mesmo em setores burocráticos.

Também contribuiu para a decisão da Justiça, um relatório enviado pela Corregedoria Geral Unificada (CGU). O corregedor-geral, o desembargador Gustavo Leite, informou que alguns policiais não estavam lotados na Seção de Pessoal, da Polícia Civil, mas em serviços burocráticos de delegacias. Algumas delas, especializadas.

Em seu despacho, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho apontou como inviável essa situação já que ¿o grau sofisticado da organização, a infiltração nos órgãos públicos ou o uso deturpado das funções atribuídas a servidores públicos devem ser tratados com o rigor necessário, não apenas para impedir que se impregne na sociedade a sensação de impunidade, mas sobretudo para impedir que estes esquemas continuem operando mesmo depois de descobertos¿.

De acordo com a magistrada ¿está-se diante de episódios de corrupção relacionados a uma suposta participação em esquema tido como mafioso¿. A determinação é que os policiais civis e federais entreguem as armas e o distintivo nas Corregedorias da Polícia Civil e Federal, respectivamente.

Deflagrada em abril, a operação Hurricane revelou um esquema montado para garantir a exploração de máquinas caça-níqueis no Rio. Liderada pelos bicheiros Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, então presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), e Aniz Abrahão David, o Anísio da Beija-Flor, a quadrilha comprava liminares para garantir o funcionamento das máquinas.

Na ocasião, foram presos os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim, ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, e Ricardo Regueira. De acordo com a PF, os policiais civis e federais envolvidos com o grupo recebiam propinas mensais para passar informações sobre operações policiais.

* do Extra