Título: Azeredo insinua que Clésio contratou Valério
Autor: Jungblut, Cristiane; Fernandes, Diana
Fonte: O Globo, 23/11/2007, O País, p. 10

BRASÍLIA O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, por lavagem de dinheiro e peculato no valerioduto do PSDB mineiro, evitou aparecer ontem no congresso do seu partido, e se defendeu por meio de nota e em entrevista. Ele lançou suspeitas sobre a decisão, sugerindo que seria uma espécie de contrapartida à denúncia semelhante enfrentada pelo governo Lula, o PT e seus aliados.

No congresso do PSDB, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse não acreditar em premeditação do anúncio da denúncia no dia do encontro, para constranger os tucanos. Afirmou, porém, ter estranhado que, pela mesma prática, o procurador Antonio Fernando denunciou Azeredo, mas ignorou as denúncias contra o presidente Lula:

- O próprio Azeredo diz que houve captação irregular de recursos, mas que não tinha conhecimento disso, como o Lula. Como houve denúncia contra o Azeredo e não contra o Lula? Acho que o procurador acerta e erra na boa fé. Ou os dois deveriam ser denunciados, ou nenhum dos dois.

No Senado, Azeredo diz que não vai renunciar

Após afirmar, em nota, que as questões financeiras de sua campanha ao governo de Minas, em 1998, não foram de sua responsabilidade, Azeredo concluiu: "É de suspeitar ainda que a denúncia agora apresentada seja uma tentativa de comprometer a mim, ao meu partido e ao meu estado, numa espécie de "contrapartida" às questões enfrentadas pelo governo e seus aliados", numa referência ao escândalo do mensalão.

Em entrevista no Senado, Azeredo disse ontem que não vai se afastar do PSDB nem do Senado, e que pauta sua vida política e pessoal pela correção:

- Reitero minha correção em todos os cargos que ocupei na minha vida. Sempre honrei o partido. Não teria nenhum motivo para isso (me afastar).

Na nota, o senador disse que a campanha de 1998, quando disputou a reeleição, foi feita pela empresa de Duda Mendonça e que a SMP&B, de Marcos Valério, "não foi por ele contratada". Azeredo insinua, sem citar nomes, que o responsável pela contratação da empresa de Marcos Valério foi o presidente da Confederação Nacional de Transportes, Clésio Andrade, que era seu candidato a vice. Segundo Azeredo, "a agência produziu parte do material de campanha, já que o então candidato a vice-governador havia sido sócio da empresa".

Clésio, que foi vice na chapa de Aécio Neves em 2002, pelo então PFL, foi denunciado ontem pelo procurador-geral. Azeredo diz que sempre delegou tarefas e confiou nas pessoas:

- Campanha para o estado é muito ampla. Sempre confiei muito nas pessoas e trabalho confiando e delegando.

Azeredo ressaltou, na nota, que "não houve desvio de recursos públicos para a campanha de 1998" e que "os empréstimos feitos pela SMP&B junto ao Banco Rural não tiveram o meu conhecimento ou autorização".