Título: FH repete Lula e pede apuração sobre Azeredo
Autor: Camarotti, Gerson; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 23/11/2007, O País, p. 12

OS 15 DO ESQUEMA MINEIRO: "É um constrangimento para quem é rigoroso nessas questões", afirma Álvaro Dias.

Ex-presidente diz que esquema de Minas foi diferente do mensalão do governo Lula; tucanos dizem confiar no senador.

BRASÍLIA. A denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra o senador tucano Eduardo Azeredo por suposto envolvimento no valerioduto mineiro ofuscou o Congresso do PSDB. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não defendeu Azeredo, mas repetiu o presidente Lula, diante das denúncias do mensalão que envolveu o PT, limitando-se a pedir a apuração dos fatos.

- Quem tiver culpa no cartório, que pague pela culpa. Não tenho qualquer inibição em dizer que é preciso que se apure e, se for o caso, que se puna - afirmou o ex-presidente. -- Se houver culpa, que se assuma a responsabilidade.

O ex-presidente disse que o esquema de financiamento de campanha denunciado pelo procurador-geral é diferente do mensalão trazido à tona pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que envolvia partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Não, mensalão é outra coisa, houve no tempo do presidente Lula. Significa gente recebendo dinheiro para votar com o governo. Em Minas é outra coisa, foi dinheiro para campanha. Também não é certo, mas são duas coisas diferentes. O Lula disse que todo mundo recebe, eu não concordo com isso. No caso do mensalão é mais greve porque foi a corrupção das instituições.

Aécio chama de percalço

A defesa mais enfática de Azeredo foi feita pelo governador mineiro Aécio Neves. Disse que tinha confiança plena em Azeredo e que o senador mineiro saberia superar o "percalço". Para Aécio, a denúncia foi injusta:

- Eu acho, na minha avaliação pessoal, injusta, mas tenho plena confiança que o senador Eduardo Azeredo, que Minas conhece muito bem pela sua correção principalmente, saberá se defender adequadamente. É preciso que o partido e, ele pessoalmente, receba isso com absoluta serenidade. É um percalço que, tenho confiança, ele saberá superar.

- Azeredo tem o respeito do partido. Acredito piamente na sua defesa - emendou o governador Teotônio Vilela (AL).

Já o senador Tasso Jereissati (CE), que deixa hoje a presidência do PSDB, disse que não comentaria o caso porque não conhece a denúncia. Constrangido, informou que o assunto não será tratado na Convenção do partido, que acontecerá hoje.

- Questões imediatas não serão tratadas agora. Eu não conheço os termos da denúncia. Acredito na Justiça brasileira. Questões imediatas vamos tratar em outro dia. Ele tem que se defender.

Posição mais solidária teve o senador Sérgio Guerra (PE), que assume a presidência do PSDB:

- Acredito no senador e na palavra do senador Azeredo. Acho que ele vai se defender e provar sua inocência. É uma questão eleitoral. Ele vai se defender juridicamente para mostrar seu lado .

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admitiu que a denúncia sobre o mensalão mineiro criou um constrangimento e um mal-estar entre os tucanos. Dias afirmou, no entanto, que acredita que não há realmente envolvimento de Azeredo de caso.

- Fico triste com o companheiro. É um constrangimento principalmente para mim, para quem é rigoroso nessas questões. Temos que aguardar a posição do Supremo. Pelo que eu sei não há envolvimento do Azeredo, ele está pagando por ter sido o candidato - afirmou Dias.