Título: CPMF é o pomo da discórdia tucana
Autor: Batista, Henrique Gomes; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 23/11/2007, O País, p. 14

FH critica tributo; governadores defendem.

BRASÍLIA. No congresso do PSDB foram explícitas e públicas as divergências entre as principais estrelas tucanas sobre a prorrogação da CPMF. De um lado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a CPMF não é mais necessária ao país, e que o PSDB tem que cumprir seu papel de oposição ao governo Lula. De outro lado, dispostos a pressionar a bancada do Senado a não fechar questão contra a CPMF, os governadores traçaram, numa reunião anteontem, em São Paulo, a estratégia para tentar garantir a reabertura das negociações do partido com o governo.

- Quando se está na oposição, tem que se restringir a negociação ao Congresso Nacional. O PSDB já tomou a sua posição e tem que pensar é no Brasil, e não em negociação toma-lá-toma-cá-toma-lá. O povo se cansou disso. O PSDB tem que ter uma posição nítida e responsável. Os governadores têm que ter opinião como responsáveis pelos estados, mas o partido é que tem que analisar pensando no Brasil, no eleitorado, não tem que seguir orientação de A, B ou C - disse Fernando Henrique.

Numa audiência proposta pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, deverão propor hoje a ampliação das concessões feitas pela equipe econômica para que a bancada não feche questão contra a CPMF. Eles querem uma redução maior da carga tributária, com mudanças no PIS/Cofins, e a antecipação do cronograma de liberação de recursos já definido para a saúde.

- Há espaço ainda para negociar com o governo, mas para isso é preciso que o governo avance na sua proposta de compensação - confirmou Aécio.

Serra foi mais cauteloso:

- Esse é um tema da alçada dos senadores.

Questionado sobre o fato de seu governo ter criado a CPMF, Fernando Henrique disse que o país vivia numa época de escassez de recursos, o que não ocorre hoje:

- A CPMF ajudou muito naquele momento. Hoje não vejo nada disso. A conjuntura mudou.