Título: Um partidão do crime organizado
Autor: Werneck, Antônio; Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 23/11/2007, Rio, p. 20

Investigações da Coordenação Geral de Prevenção e Repressão a Entorpecentes (CGPRE), da PF de Brasília, que levaram ontem ao desencadeamento da Operação Fênix, revelaram que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é o presidente do que os bandidos estão chamando de o ¿Partidão¿ do crime. A nova organização foi criada há um ano no Paraná para servir de uma espécie de cooperativa de bandidos que passou a gerir todos os negócios das principais facções criminosas do Rio, de São Paulo, do Paraná e Mato Grosso do Sul.

Idealizado por Beira-Mar, segundo a PF, o consórcio de bandidos visa à obtenção de preços melhores na negociação de armas, drogas e munição. Para isso, as quadrilhas compram em conjunto diretamente de fornecedores na Bolívia e na Colômbia.

¿ Eles estão reunindo na associação vários comandos de criminosos do país. Conseguem preços melhores, quantidade maior e cocaína e maconha com qualidade tipo exportação ¿ disse um delegado federal de Brasília ao GLOBO.

Ontem, durante uma coletiva no Rio, os delegados Valdinho Jacinto Caetano, superintendente da PF, Paulo Tarso de Oliveira Gomes, coordenador-geral da CGPRE, e Wagner Mesquita de Oliveira, de Curitiba, admitiram que Beira-Mar conseguiu unificar ações de criminosos em quatro estados, unindo facções que atuam em São Paulo, no Rio, no Paraná e em Mato Grosso do Sul.

¿ Eles passaram a unificar os pedidos de compra de drogas e armas junto aos fornecedores ¿ afirmou Wagner Mesquita.

O ¿Partidão¿ prevê até mesmo ajuda de custo para as famílias de bandidos ligados ao comando das facções que sejam presos. Mensalmente, os criminosos fazem contribuições em dinheiro para manter a caixinha. Os recursos retornam às famílias dos bandidos presos, numa espécie de mesada de até R$3 mil. A organização do ¿Partidão¿ é composta por diretores e conselheiros.

Segundo investigações da Polícia Federal, tanto em Catanduvas no Paraná, onde Beira-Mar já cumpriu pena, quanto agora na Penitenciária Federal de Campo Grande, os parentes têm casas e transporte de graça toda vez que vão fazer visitas. Em Catanduvas, Fernandinho Beira-Mar chegou a contratar advogados para ajudar na defesa de outros presos.