Título: Tarso: É a voz de um amargurado
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 24/11/2007, O País, p. 16

Ministros e aliados de Lula reagem a discurso do ex-presidente.

BRASÍLIA. Ministros e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiram ontem ao discurso feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na convenção do PSDB. Numa referência indireta a Lula, o tucano disse que o PSDB fará tudo para que os brasileiros falem bem o português e não sejam liderados por alguém que despreza a educação, a começar pela própria. O ministro da Justiça, Tarso Genro, rebateu:

- A fala do ex-presidente traduz a voz de uma pessoa amargurada por não ter nem o reconhecimento popular, nem o reconhecimento internacional que o presidente Lula conquistou, tirando o Brasil da beira do abismo. É a fala de um homem amargo, que gostaria de ser entendido pelo povo, mas sabe que é Lula que o povo entende, e vê nele o resgate de sua soberania e dos seus direitos.

Para o novo ministro das Relações Institucionais, José Múcio, o comentário não condiz com a biografia do tucano:

- Gosto muito do modelo americano. Ex-presidente não critica quem está na gestão. Acho deselegante. E, conhecendo a biografia do presidente Fernando Henrique, o tenho na conta de um homem elegante, não acho uma declaração parecida com a sua história.

O ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) disse que o tucano exerce o papel de líder de oposição, mas que crítica ao governo exige equilíbrio. Sobre as declarações de que Lula não estudou e apregoa isso como vantagem, brincou:

- Está parecendo a mãe do Lula, dizendo que ele não quer e não gosta de estudar.

- O Lulinha cuida da educação do povo. Isso tudo é inveja, ele morre de inveja - disse a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).

Para o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), Fernando Henrique mostrou indignação:

- É um gesto de indignação de um estadista que se cansou de ouvir Lula dizer: "Nunca antes neste país se fez tal coisa, se viu aquilo". As razões de o Brasil ser o que é são mais pelos feitos dos governos passados do que por mérito do Lula.